O Parlamento grego aprovou neste domingo novas medidas de austeridade em meio a protestos violentos em Atenas.
Durante todo o dia, protestos se espalharam no centro de Atenas em meio à indignação por causa dos cortes nos gastos públicos, que são uma exigência do FMI, da União Europeia e do Banco Central Europeu para liberar um pacote de resgate de 130 bilhões de euros (R$ 296 bilhões), que permitiria que o país pagasse suas dívidas.
A polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que atiravam pedras e coquetéis Molotov.
O correspondente da BBC em Atenas, Mark Lowen, diz que é o pior episódio de violência na cidade em muitos meses.
Diversos edifícios históricos, incluindo cafés e cinemas, estão em chamas. A praça Syntagma, no centro de Atenas, está envolta em uma nuvem de gás lacrimogêneo, segundo o correspondente.
Os manifestantes tentaram atravessar um cordão formado por policiais da tropa de choque em volta do Parlamento.
Ioannis Simantiras, de 34 anos, disse que os manifestantes foram encurralados pela polícia.
“Ninguém podia escapar do gás. Quando ele envolveu a todos e todos estavam sufocando, a polícia abriu um corredor para nós para longe do Parlamento. Então todos correram”, disse à BBC.
Antes da votação, o primeiro-ministro Lucas Papademos disse que a Grécia não pode se dar ao luxo de ter protestos deste tipo em tempos tão difíceis.
“Vandalismos, violência e destruição não tem lugar em um país democrático e não serão tolerados, afirmou.
Neste domingo, os legisladores também aprovaram um acordo para tentar negociar com investidores privados uma redução de 100 bilhões de euros na dívida do país, que totaliza 360 bilhões.
Economia forçada
Conflitos entre manifestantes e policiais ainda acontecem em partes da capital. Horas antes, milhares de pessoas expressaram sua indignação com as propostas de cortes no segundo dia consecutivo de protestos.
Relatos dizem que cerca de 800 mil pessoas se juntaram às manifestações em Atenas, com outros 20 mil protestando em Tessalônica.
As medidas em votação incluem o corte de 15 mil empregos públicos, uma diminuição de 22% no salário mínimo, flexibilização de leis trabalhistas (para facilitar a demissão de trabalhadores) e um pacote de impostos e reformas previdenciárias.
As propostas têm provocado forte descontentamento entre o povo grego, já assolado por uma recessão econômica e por altas taxas de desemprego
Antes da votação, o premiê grego, Lucas Papademos, havia advertido, em um comunicado televisionado, que a não aprovação das medidas de austeridade forçaria a Grécia a declarar a moratória de suas dívidas, o que “levaria o país por uma aventura desastrosa”.
“O custo social deste programa é limitado em comparação com a catástrofe econômica e social que aconteceria se não o adotássemos”, disse.
Ele afirmou que economias seriam perdidas, que o governo seria impossibilitado de pagar salários e que as importações de combustível, remédios e maquinaria seriam interrompidas.
Os países europeus querem que a Grécia economize mais 325 milhões de euros este ano e insiste que os líderes gregos deem “fortes garantias políticas” da implementação dos pacotes.
O país não consegue pagar sua dívida e há receio de que uma eventual moratória prejudique a estabilidade financeira da Europa e leve até mesmo a uma desintegração da zona do euro.
No entanto, muitos gregos acreditam que já economizaram tudo o que podem e não conseguem lidar com mais cortes, segundo o correspondente da BBC.