O governo Dilma Rousseff precisa de uma marca social forte para usar
como escudo nas crises políticas. Além disso, depois de redigir uma
carta com elogios ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB),
Dilma deve se aproximar do PT e investir em uma agenda mais “popular”,
levando petistas a tiracolo em suas viagens.
A avaliação foi feita na terça-feira por senadores que participaram
de jantar, na casa de Marta Suplicy (SP), com as ministras Gleisi
Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
Nas conversas, parlamentares observaram que o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva fazia o marketing de seu governo sozinho e
enfrentava as crises “no gogó”. Dilma, no entanto, precisa melhorar a
comunicação das ações palacianas, no diagnóstico de seus companheiros.
Ofuscado. “O lançamento do Brasil sem Miséria, por
exemplo, foi ofuscado pela crise que envolveu o então ministro da Casa
Civil, Antonio Palocci”, disse o senador Delcídio Amaral (PT-MS). “O
programa é excelente, mas ficou apagado e necessita mais divulgação”,
completou Wellington Dias (PT-PI).
Prometido na campanha eleitoral, o Brasil sem Miséria foi anunciado
por Dilma às vésperas da queda de Palocci, no mês passado. Tem o
objetivo de retirar 16,2 milhões de pessoas da situação de pobreza
extrema, mas sua divulgação nem de longe se compara ao Bolsa Família.
Delcídio sugeriu, ainda, que a presidente apareça como a “comandante”
das obras da Copa do Mundo. “Uma das bandeiras desse governo tem de ser
a Copa. São obras em aeroportos, estádios, e isso tem um simbolismo
grande”, insistiu o senador.
Apesar da turbulência política, a troca de comando na articulação do
Planalto foi elogiada pelos senadores. Para os parlamentares, o trio
formado por Ideli, Gleisi e Gilberto Carvalho, ministro da
Secretaria-Geral da Presidência, está funcionando bem. Os petistas
acham, porém, que Dilma precisa se reunir mais com a cúpula do partido.