As principais economias globais precisam agir de forma rápida, vigorosa e decisiva para evitar outra crise financeira e econômica mundial, advertiu nesta quinta-feira a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. A recomendação é feita dias antes de uma reunião do G-20, na próxima semana.
Christine disse que a economia global está entrando em uma nova fase perigosa de crise, portanto, o caminho para uma recuperação sustentada está “muito mais estreito que antes, e ficando mais estreito”. O crescimento fraco e balanços orçamentários ruins na Europa e nos EUA, combinados com um sistema financeiro apenas em parte consertado e a falta de uma resposta política, estão “alimentando uma crise de confiança e retendo a demanda, investimentos e a criação de empregos”, segundo ela.
“Este ciclo vicioso está ganhando força e, francamente, tem sido exacerbado pela indecisão política e pela disfunção política”, disse Christine durante discurso no Woodrow Wilson Center, em Washington.
Para ajudar a economia global a retomar o caminho da recuperação, os bancos europeus precisam aumentar seus colchões de capital, os governos da zona do euro e dos EUA devem delinear rotas dignas de crédito para reduzir suas grandes dívidas, as principais economias precisam reparar adequadamente o sistema financeiro e os principais mercados emergentes precisam fortalecer sua demanda, apontou a diretora-gerente do FMI. “Não há hora para recuos, para meias medidas ou para alcançar os objetivos de qualquer jeito… O caminho está claro. A hora é agora. Nós precisamos agir”, afirmou Christine.
A diretora-gerente do Fundo salientou que as economias emergentes estão diante de um cenário de crescimento melhor em relação aos países desenvolvidos, mas também têm desafios diante de si. “Nos mercados emergentes, o cenário de crescimento é melhor, mas os desafios incluem pressões inflacionárias, controle do forte crescimento do crédito e elevação dos déficits em conta-corrente”, declarou Christine. Segundo ela, as principais potências emergentes precisam entrar em ação e começar a fornecer a demanda necessária para potencializar a recuperação.
Geithner propõe à Europa programa usado em 2008
Em encontros com autoridades europeias nesta sexta-feira, na Polônia, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, deve recomendar a alavancagem do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) com um programa que foi usado para acalmar os mercados americanos durante a crise de 2008. O Programa de Crédito a Termo de Títulos Lastreados em Ativos (Talf, na sigla em inglês) foi usado pelos Estados Unidos para ajudar o mercado de títulos lastreados em ativos.
“Geithner provavelmente vai insistir na importância da alavancagem para obter mais fundos para proteger os grandes europeus, Itália e Espanha, e para encontrar uma solução para a Grécia. Acho que a alavancagem da EFSF que é algo que ele vai colocar na mesa”, disse uma fonte, acrescentando que a proposta pode ser aceita.
Uma segunda autoridade da UE, no entanto, disse que tal proposta pode apresentar problemas. “Uma das dificuldades é que a alavancagem pode ser vista como um potencial passivo”, disse. “Mas a proposta tem de ser observada em detalhes”, acrescentou.
Uma terceira autoridade disse que o Canadá já fez a mesma sugestão para a Europa. “A proposta poderia ajudar aqueles países em que o mercado de bônus soberanos é ainda curável”, afirmou.
Bernanke enfatiza a necessidade de novas regulações
O presidente do Federal Reserve Bank, Ben Bernanke, comentou nesta quinta-feira que o banco central norte-americano precisa se certificar da correta aplicação das novas regulações financeiras nos Estados Unidos em um momento no qual se prepara para implementar as reformas previstas pela Lei Dodd-Frank.
“Eu suspeito que ninguém na plateia precisa ser convencido de que devemos implementar tudo direito”, declarou Bernanke em comentários preparados para a abertura de uma conferência promovida pelo Fed intitulada Regulação do Risco Sistêmico. Bernanke não falou sobre política monetária durante sua intervenção.