Durante o processo eleitoral do próximo ano, o mercado terá uma volatilidade natural, devido ao cenário de incertezas que sempre acompanham eleições, segundo Rafael Cortez, analista político da Tendências Consultoria. Cortez prevê elevação do Risco-país e desvalorização do real, mas tudo dentro da normalidade.
Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores, acredita que a incerteza vem do final do ciclo de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que gera uma ponta de dúvida quanto à continuidade da política econômica. “No entanto, não será nada parecido com 2002”, afirma.
Ainda assim, Fernando Sampaio, da LCA Consultores, acredita que é pouco provável que algum candidato queira mudar um desenho de política econômica que tem amplo apoio da população.
Conduta da economia
Por isso, o analista afirma que ainda é muito difícil especular quanto a eventuais mudanças na conduta da economia. “Não é que não vai mudar nada. Mas é um fator de inércia”, afirma.
Para Cortez, existe dúvida em relação à política fiscal que seria adotada pela ministra Dilma Rousseff, já que o discurso do Estado com papel indutor da economia pode levar a ministra a manter a política expansionista adotada pelo País após a crise.
Serra, pelo contrário, teria política fiscal mais controlada, mas pode mudar rumos da política monetária, da qual ele é um crítico contumaz. “Serra foi um constante crítico da atuação do Banco Central durante a crise”, diz Cortez.
Chapa puro-sangue
Ao falar das possibilidades para ocupar o posto de vice, todos os analistas afirmaram que a probabilidade de Aécio Neves, governador de Minas, aceitar ser vice de Serra é pequena. A chapa-puro sangue seria forte, afirma Ribeiro, mas para Aécio pode não ser tão interessante politicamente.
“Em caso de vitória, Aécio ficaria na sombra por quatro ou oito anos. Se o PSBD for derrotado, o governador ficaria sem mandato por no mínimo dois anos”, completou Sampaio.
O vice de Dilma
Já quando o assunto é o vice de Dilma, há poucas convergências. Os analistas entrevistados acreditam que a chance de Henrique Meirelles, presidente do BC, ocupar a vaga é pequena, dado o pouco tempo de filiação no PMDB. “Ele não tem influência na máquina partidária do partido”, disse o analista da Tendências.
Para Ricardo Ribeiro, nem Michel Temer nem Meirelles agregariam muito, do ponto de vista eleitoral, já que ambos são desconhecidos. “O Meirelles ainda amenizaria a rejeição da Dilma pelo mercado”, pondera.
Popularidade
Outro tema relevante será a capacidade de Lula transferir votos para sua candidata, usufruindo de sua alta popularidade pessoal. Para Sampaio, a transferência de votos para Dilma ainda não está totalmente contabilizada, “o potencial de crescimento da ministra continua alto”, afirmou.
Para Ribeiro, por enquanto, Dilma só cresceu por causa desse movimento. Na mesma linha, Rafael Cortez acredita que foi o “principal motor” e que ainda será relevante, mas pondera: “o desafio da Dilma é mostrar que ela pode ser a continuidade”.