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18 de abril de 2024O governo irlandês afirmou ontem que está terminando plano para cortar seu déficit orçamentário para os próximos quatro anos e ao mesmo tempo confirma o pedido de ajuda formal à União Europeia (UE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que será assinado hoje. O ministro irlandês das Finanças, Brian Lenihan, afirmou ontem à rádio irlandesa RTE que poderão ser emprestados ao país “dezenas de bilhões de euros”.
Detalhes do plano seriam divulgados num encontro do gabinete irlandês, e só após a aprovação do orçamento por potenciais financiadores hoje o resgate poderá avançar. “Não tenho dúvidas de que o plano será convincente”, disse o ministro Lenihan.
O jornal inglês Sunday Times estima que o pacote de resgate girará em torno de 120 bilhões de euros (R$ 283 bilhões). O ministro Lenihan, porém, disse que o valor não alcançará três dígitos.
A Irlanda vê na criação de um fundo de contingência pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE) uma forma de resgatar seus bancos, permitindo ao mercado respirar aliviado. Portanto, a ideia é iniciar o processo, dando uma solução à crise pelos bancos. O último valor indicado pelas autoridades irlandesas apontava para a possibilidade dessa parcela do pacote ser de até 50 bilhões de euros. Porém, a disputa ficará em torno das condicionalidades impostas ao país.
França e Alemanha exigem que, em troca do dinheiro, a Irlanda eleve seus impostos. Dublin alertou na semana passada às autoridades da UE que isso não é negociável e que sua soberania fiscal será preservada.
A elevação da carga tributária foi um dos pontos do acordo que a Grécia assinou com a União Europeia em maio, para receber o seu pacote de resgate. A alta acabou levando centenas de empresas a deixarem o país, além de levar centenas de pessoas às ruas de Atenas. Agora, o assunto promete acalorados debates nos próximos dias de negociações.
Na última quinta-feira, a UE alertou, nas reuniões a portas fechadas com Dublin, que os impostos de 12,5% são os mais baixos da UE e não podem continuar assim. A taxa atual seria apenas metade do que uma empresa paga para se instalar na Alemanha, o que para muitos na Irlanda explicou a expansão da economia nos anos 90 e no início desta década.
Para a UE, o que a Irlanda faz, porém, é uma guerra fiscal que agora cobra seu preço. Multinacionais como a Google e a Dell se estabeleceram no país Irlanda com acordos praticamente de isenção de impostos.
O ministro de Finanças, Brian Lenihan, se recusa a falar do assunto e diz que os níveis de impostos fazem parte de uma política industrial. “Isso é algo fundamental para nossas perspectivas de crescimento.” O que a Irlanda promete é apresentar um programa de cortes de gastos de 15 bilhões no início de dezembro.
Mas, para França e Alemanha, isso não será suficiente se a arrecadação não subir. Por ora, a solução é avançar na negociação para criação do fundo de contingência, cuja função imediata é dar uma solução aos bancos, e não ao buraco nas contas estatais.
Depois de ter sido pressionado a aprovar uma intervenção externa para evitar um contágio generalizado na zona do euro, o governo irlandês reconheceu ontem que o pacote envolverá “dezenas de bilhões de euros”.
Diante da resistência da Irlanda, a constatação é que o pacote será diferente do resgate grego de 110 bilhões. Há alguns dias, as informações eram de um pacote de 100 bilhões, já que pelo menos a metade iria para o reequilíbrio dos bancos e outra parcela destinada aos cofres públicos, para reduzir o déficit de um terço do Produto Interno Bruto (PIB).
“Será um grande empréstimo, pois seu objetivo é mostrar que a Irlanda tem poder de fogo para lidar com qualquer preocupação do mercado. Estamos falando em um empréstimo substancial”, disse o presidente do BC irlandês, Patrick Honohan.
Os novos recursos viriam para dar garantias de sobrevivência aos cinco maiores bancos do país, quase todos já nacionalizados. A taxa de juros seria de 5%, a mesma aplicada aos gregos.
Mas Dublin espera não ter de usar o dinheiro do fundo de contingência. A ideia é que os saques ocorram apenas se houver um problema de liquidez.