Real Bonds Post Biggest Monthly Slump Since May: Brazil Credit
19 de novembro de 2010‘Crisis Status’ in South Korea After North Shells Island
24 de novembro de 2010O governo irlandês afirmou ontem que está terminando plano para cortar seu déficit orçamentário para os próximos quatro anos e ao mesmo tempo confirma o pedido de ajuda formal à União Europeia (UE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que será assinado hoje. O ministro irlandês das Finanças, Brian Lenihan, afirmou ontem à rádio irlandesa RTE que poderão ser emprestados ao país “dezenas de bilhões de euros”.
Detalhes do plano seriam divulgados num encontro do gabinete irlandês, e só após a aprovação do orçamento por potenciais financiadores hoje o resgate poderá avançar. “Não tenho dúvidas de que o plano será convincente”, disse o ministro Lenihan.
O jornal inglês Sunday Times estima que o pacote de resgate girará em torno de 120 bilhões de euros (R$ 283 bilhões). O ministro Lenihan, porém, disse que o valor não alcançará três dígitos.
A Irlanda vê na criação de um fundo de contingência pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE) uma forma de resgatar seus bancos, permitindo ao mercado respirar aliviado. Portanto, a ideia é iniciar o processo, dando uma solução à crise pelos bancos. O último valor indicado pelas autoridades irlandesas apontava para a possibilidade dessa parcela do pacote ser de até 50 bilhões de euros. Porém, a disputa ficará em torno das condicionalidades impostas ao país.
França e Alemanha exigem que, em troca do dinheiro, a Irlanda eleve seus impostos. Dublin alertou na semana passada às autoridades da UE que isso não é negociável e que sua soberania fiscal será preservada.
A elevação da carga tributária foi um dos pontos do acordo que a Grécia assinou com a União Europeia em maio, para receber o seu pacote de resgate. A alta acabou levando centenas de empresas a deixarem o país, além de levar centenas de pessoas às ruas de Atenas. Agora, o assunto promete acalorados debates nos próximos dias de negociações.
Na última quinta-feira, a UE alertou, nas reuniões a portas fechadas com Dublin, que os impostos de 12,5% são os mais baixos da UE e não podem continuar assim. A taxa atual seria apenas metade do que uma empresa paga para se instalar na Alemanha, o que para muitos na Irlanda explicou a expansão da economia nos anos 90 e no início desta década.
Para a UE, o que a Irlanda faz, porém, é uma guerra fiscal que agora cobra seu preço. Multinacionais como a Google e a Dell se estabeleceram no país Irlanda com acordos praticamente de isenção de impostos.
O ministro de Finanças, Brian Lenihan, se recusa a falar do assunto e diz que os níveis de impostos fazem parte de uma política industrial. “Isso é algo fundamental para nossas perspectivas de crescimento.” O que a Irlanda promete é apresentar um programa de cortes de gastos de 15 bilhões no início de dezembro.
Mas, para França e Alemanha, isso não será suficiente se a arrecadação não subir. Por ora, a solução é avançar na negociação para criação do fundo de contingência, cuja função imediata é dar uma solução aos bancos, e não ao buraco nas contas estatais.
Depois de ter sido pressionado a aprovar uma intervenção externa para evitar um contágio generalizado na zona do euro, o governo irlandês reconheceu ontem que o pacote envolverá “dezenas de bilhões de euros”.
Diante da resistência da Irlanda, a constatação é que o pacote será diferente do resgate grego de 110 bilhões. Há alguns dias, as informações eram de um pacote de 100 bilhões, já que pelo menos a metade iria para o reequilíbrio dos bancos e outra parcela destinada aos cofres públicos, para reduzir o déficit de um terço do Produto Interno Bruto (PIB).
“Será um grande empréstimo, pois seu objetivo é mostrar que a Irlanda tem poder de fogo para lidar com qualquer preocupação do mercado. Estamos falando em um empréstimo substancial”, disse o presidente do BC irlandês, Patrick Honohan.
Os novos recursos viriam para dar garantias de sobrevivência aos cinco maiores bancos do país, quase todos já nacionalizados. A taxa de juros seria de 5%, a mesma aplicada aos gregos.
Mas Dublin espera não ter de usar o dinheiro do fundo de contingência. A ideia é que os saques ocorram apenas se houver um problema de liquidez.
