Lideranças da oposição afirmaram ontem que farão de tudo para barrar a aprovação, no Congresso, do projeto de lei que taxará a poupança. Deputados e senadores de PSDB, DEM e PPS classificaram a ideia de “absurda”, enquanto a base aliada ao presidente concorda com a necessidade de mecanismos contra a especulação.
Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a taxa proposta pelo governo nas cadernetas com saldo acima de R$ 50 mil por aplicador vai trazer “penalidade a todos os contribuintes”. “Todos já pagam uma taxa pesadíssima”, afirmou.
Dias ressalta que uma taxação desse tipo só seria possível no bojo da reforma tributária. Mas o relator do texto, deputado Sandro Mabel (PR-GO), diz que a princípio é contra. “Posso analisar os motivos do governo mais para frente”, afirma.
A opinião do senador tucano é a mesma do líder do PPS na Câmara, Fernando Coruja (SC). “Enquanto o mundo incentiva a formação de poupança, o governo brasileiro caminha na contramão. É um absurdo mexer no rendimento de aplicações de quem, apesar de viver com uma alta carga tributária, conseguiu guardar recursos após décadas de trabalho.”
Nem o próprio líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), diz estar convencido. Em sua opinião, os rendimentos da poupança hoje são exagerados, fazendo com que haja migração de outras aplicações para a caderneta. “Esse é um problema que vamos ter que resolver, mas ainda não conheço o projeto e não tenho clareza se taxar o rendimento é a melhor solução.”
Já o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, disse que a taxação é necessária “para não haver mais especulação”.