A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou todos os ratings (notas de crédito) da Petrobras na noite de quinta-feira, citando preocupações com investigações sobre corrupção na estatal. Além das denúncias, a Moody’s também vê um problema no fato de a petroleira ter divulgado informações financeiras com dois meses de atraso e ainda sem a assinatura da auditoria externa. Segundo a empresa, que mede o risco de calotes de dívidas, os resultados financeiros não auditados podem pressionar a liquidez da Petrobras, ou seja, ela pode ter dificuldade em captar o dinheiro que precisa para seus investimentos.
Este é o terceiro corte em ratings da Petrobras pela Moody’s em apenas quatro meses e representa mais um revés para a estatal que enfrenta um grande escândalo de corrupção. Os outros dois haviam sido no início de outubro e começo de dezembro.
“A preocupação com as investigações sobre corrupção em curso e incertezas sobre a divulgação oportuna de comunicados financeiros auditados podem levar a significativas pressões de liquidez”, disse a Moody’s. Entre os ratings rebaixados estão: a dívida não garantida (passou de Baa2 para Baa3); a avaliação básica de crédito da empresa, de ba1 para ba2; e a dívida sênior não securitizada da petroleira, que caiu de Baa2 para Baa3.
A Moody’s manteve os ratings da Petrobras sob revisão para um possível novo rebaixamento. A Petrobras não respondeu ao pedido de entrevista para comentar o rebaixamento pela Moody’s.
Empresa de auditoria exige que Petrobras consulte órgãos reguladores do mercado no Brasil e EUA
A Petrobras divulgou seu balanço não auditado na madrugada de quarta-feira, sem as baixas contábeis decorrentes dos contratos corruptos revelados pela Operação Lava Jato. O mercado esperava que a companhia publicasse já no resultado do terceiro trimestre essas perdas, mas a estatal alegou que ainda não conseguiu fechar um número.
No balanço consta um estudo com 52 ativos da empresa que mostra uma supervalorização de 88,6 bilhões de reais em 31 deles. Porém, em teleconferência com os investidores, a presidente da estatal, Graça Foster, disse que o número pode até ser maior, se a Lava Jato envolver mais fornecedoras nas investigações. Como a apuração dos esquemas de corrupção na petroleira ainda está em curso, Graça disse que seria difícil dizer um número exato neste momento, justificando a ausência das perdas contábeis.