O Brasil pode ser elevado a grau de investimento pela agência de classificação de risco Moody?s, a única entre as três grandes agências que ainda não conferiu o “investment grade” ao País. Ontem, a Moody?s colocou os ratings soberanos brasileiros em revisão para possível elevação. Em comunicado, afirmou que “a revisão foi motivada pela confirmação de uma maior resistência da economia a choques.”
O diretor regional da Moody?s para a América Latina, Mauro Leos, afirmou à Agência Estado que o País tem respondido bem à recessão. “A pronta reação do Brasil à crise mostrou que (a economia) está mais forte em termos relativos a outros países que possuem até ratings superiores.”
Com isso, tem mostrado que os fundamentos econômicos são sólidos. “O Brasil passou pelo equivalente a um severo teste de estresse de grandes proporções ao longo dos últimos meses”, disse.
Leos destacou que, quando a Moody?s realiza a revisão de rating de um País, o upgrade ocorre em 66% dos casos. Se isso ocorrer, o Brasil pode até outubro ver elevadas as notas da dívida pública em reais e passivo em moeda estrangeira de Ba1 para Baa3. Essa é a primeira nota da categoria “investment grade”, avaliação concedida no ano passado pela Standard & Poor?s e pela Fitch Ratings.
“A condução da política econômica nos últimos anos, sobretudo com inflação sob controle pelo Banco Central e compromisso com a estabilidade fiscal, foram muito importantes para que o Brasil atingisse o atual estágio econômico que lhe permitiu enfrentar bem o choque externo”, comentou.
Mauro Leos elogiou os comentários realizados ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, nos quais enfatizou que o Brasil tem um compromisso permanente com a boa gestão fiscal e que o superávit primário de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano será alcançado.
Para Leos, ainda que a economia apresente crescimento negativo do PIB e uma expectativa de deterioração das contas fiscais em relação aos anos anteriores, o desempenho geral do Brasil excedeu as expectativas iniciais comparado ao de outros países, incluindo alguns com ratings mais elevados.
“Em termos comparativos, o Brasil está bem melhor que vários países porque as ações do governo de ordem fiscal e monetária foram rápidas e elevaram a resistência do País, que registrou uma desaceleração do nível de atividade, mas não está passando por uma crise.”
A revisão avaliará as perspectivas de crédito do país no médio prazo, colocando ênfase nos aspectos fiscais e nas condições que devem estar presentes para assegurar um crescimento sustentável nos próximos anos.
“A revisão também avaliará a habilidade e o compromisso das autoridades em implementar as iniciativas necessárias para conter déficits fiscais e seguir reduzindo os indicadores de dívida nos próximos anos”, disse Leos.
A última alteração dos ratings do Brasil pela Moody?s ocorreu no dia 23 de agosto de 2007, quando elevou os ratings de dívida do governo em moedas local e estrangeira de Ba2 para Ba1.