Mercado aceita Selic de 9% do BC

O Banco Central conseguiu, em parte, o que queria. Na primeira pesquisa com analistas financeiros divulgada após a ata da reunião de março do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado passou a admitir, como sinalizou o colegiado presidido por Alexandre Tombini, que o ciclo de afrouxamento monetário será encerrado em abril, quando a taxa Selic cairá, de uma só vez, dos atuais 9,75% para 9% ao ano. Os analistas consideram, no entanto, que o país terá que conviver com uma inflação mais alta. A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA) nos próximos 12 meses passou de 5,36% para 5,37%.

Mas, para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, a expectativa de inflação em escalada não deve se manter. Ele acha que é uma questão de tempo para os analistas caminharem na direção que o Banco Central deseja. Ou seja, projetarem uma redução para o índice de preços. “A inflação a curto prazo está se comportando de maneira benigna e, hoje, tanto os dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) como os da Fundação Getulio Vargas (FGV) confirmam essa tendência”, observou. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe registrou alta de 0,01% na segunda quadrissemana de março. O mercado previa uma alta média de 0,05%.

Clareza
Antes da divulgação da ata do Copom, o mercado esperava que a taxa básica de juros da economia fosse para 9,5% em abril, caindo mais uma vez no fim de maio. Agora, diante da clareza do BC no documento, os economistas esperam a manutenção da Selic em 9% pelo menos até o fim do ano. Para 2013, os analistas preveem a volta do ciclo de aperto monetário, com a taxa voltando ao patamar de 10% para conter a inflação.

Para os economistas do Banco Santander, a pesquisa de mercado do BC não trouxe muitas novidades. O destaque, ressaltaram eles, foi apenas a elevação da perspectiva de câmbio para 2013, que passou de uma cotação de R$ 1,75 para R$ 1,80. Para este ano, foi mantida a estimativa do dólar a R$ 1,75 no fim do ano. Também permaneceu constante a projeção para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e do próximo. O mercado prevê crescimento de 3,3% em 2012 e de 4,2% em 2013.

IGP-M  sobe 0,35%
O índice que reajusta a maioria dos contratos de aluguéis está acelerando. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) registrou, no segundo decêndio de março, variação de 0,35%. No mês anterior, para o mesmo período de coleta, houve
deflação de 0,11%.

Moeda chinesa será conversível
O iuan, moeda da China, será livremente conversível, mas isso precisa acontecer no tempo certo, disse ontem o premiê do país, Wen Jiabao. Segundo o líder do país asiático, antes que a moeda chinesa se torne uma divisa global, será necessário um ambiente econômico estável, além de quadros financeiros e regulatórios sólidos e confiáveis. “Quando isso estiver chegando, você não poderá pará-lo (o iuan), mesmo se você quiser pará-lo”, declarou Wen. “Mas quando o tempo certo ainda não chegou, a execução antecipada não é possível”, reforçou. O mandatário disse que os “amigos estrangeiros” devem acreditar firmemente que a direção política da China não pode e não vai mudar.