O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, fez ontem a defesa enfática do sistema de câmbio flutuante, do regime de metas de inflação e do equilíbrio fiscal, em meio a rumores de que estaria deixando o cargo e quando se intensificam as pressões de dentro do governo para que o Comitê de Política Econômica (Copom) baixe os juros na sua reunião que começa hoje e termina amanhã.
\”No ano passado, quando as pressões inflacionárias globais foram substanciais, o BC do Brasil foi uma das poucas autoridades monetárias a cumprir a meta de inflação\”, disse Meirelles, para funcionários e diretores do BC, na comemoração dos dez anos da adoção do regime de câmbio flutuante.
Foi a primeira aparição pública de Meirelles no país desde que se intensificaram comentários de que sairia do governo. Na sua mais recente edição, a revista \”Carta Capital\” publicou reportagem dizendo que Meirelles deixaria o cargo para se candidatar ao governo de Goiás. Na sexta-feira, Meirelles negou a informação em declaração.
Segundo Meirelles, a economia brasileira se tornou mais sólida nos últimos anos, na vigência do regime de cambio flutuante. As contas correntes, afirmou, foram em média deficitárias em 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no período de câmbio flutuante, ante um resultado negativo médio de 2,1% do PIB após 1970.
\”Quando o regime de câmbio flutuante foi implantado, (em conjunto) com o regime de metas de inflação e o de superávit primário, o Brasil mantinha um programa de financiamento com o Fundo Monetário Internacional (FMI)\”, afirmou Meirelles. \”Decorridos dez anos, o país é grau de investimento e o BC tem um acordo de troca de moedas com o Federal Reserve, sem implicar qualquer condicionamento.\”
\”O câmbio flutuante no Brasil é um sucesso inquestionável\”, disse. \”Isso não quer dizer que não enfrente críticas, porque não flutua suficientemente ou porque flutua demais, porque está sempre artificialmente depreciado ou sempre exageradamente apreciado.\”
O Brasil foi obrigado a deixar a sua moeda flutuar em 15 de janeiro de 1999, quando não conseguiu mais sustentar seu regime de cambio administrado. Três dias depois, em 18 de janeiro, o BC comunicou oficialmente ao mercado a adoção do regime de câmbio flutuante.