O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem em evento na capital paulista que o governo deve anunciar em breve novas medidas para impulsionar o nível de atividade no país. Na área de crédito, haverá novidade e redução do custo de modo geral, disse Mantega. O ministro ressaltou que medidas anticíclicas adotadas pelo governo, especialmente pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda, foram essenciais para retomar a demanda agregada no país. Porém, anunciou que outras ações deverão ser adotadas pelo Poder Executivo.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, que também esteve no evento, confirmou que o governo vai adotar medidas para estimular investimentos pelas empresas. Segundo Coutinho, o setor que mais preocupa é o de bens de capital (máquinas e equipamentos para empresas), o primeiro a entrar e o último a sair da crise. Queremos ajudar o setor nessa travessia, disse ele. Os dois, porém, não deram mais detalhes sobre essas medidas. Segundo Coutinho, as medidas não foram definidas ainda, sendo alvo de reuniões envolvendo o próprio BNDES e os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento. Depois disso, levaremos ao presidente Lula para a definição, afirmou.
O benefício, porém, não seria permanente – ficaria em vigor até que as empresas se vejam necessitadas a investir. Para Coutinho, isso ocorrerá a partir do quarto trimestre deste ano, quando o uso médio da capacidade instalada da indústria local ficar entre 80% e 81%. Estamos hoje em aproximadamente 87%, disse Coutinho. Mantega citou a desoneração tributária e a redução do custo de financiamento como possíveis meios para ajudar a alavancar os investimentos. O ministro não quis comentar sobre uma possível prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros. Ainda temos duas semanas para as pessoas irem comprar os produtos, lembrou.
O principal ponto de preocupação sobre a manutenção da redução do IPI está relacionado com as contas do governo, já que a arrecadação tributária está em queda. A queda na arrecadação era esperada, mas caiu mais do que o previsto nos últimos dois meses, observou o ministro, levantando inclusive a possibilidade de reduzir o superávit primário (economia feita para o pagamento dos juros da dívida) para equacionar as contas. Se necessário for, faremos novas reduções nos gastos , acrescentou Mantega.