O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou hoje (10) que o
compromisso assumido pelos governos da França e da Alemanha, no último
fim de semana, para garantir a capitalização de bancos europeus em
dificuldades, bem como a disposição demonstrada para resolver os
problemas de dívidas da Grécia e de outros países da Europa, causaram
boa impressão ao mercado. Tanto que as bolsas de valores começaram a
semana em alta no mundo inteiro.
Ele ressaltou, no entanto, que o anúncio veio com atraso. “Os europeus
sempre demoram a dar soluções para a crise”. Durante reunião de
articulação política, no Palácio do Planalto, Mantega disse que, apesar
da demonstração de boa vontade dos governos da França e da Alemanha, o
mercado vive grande volatilidade. Não acredito que tenhamos superado a
crise, disse ele, porque ainda restam muitas expectativas e preocupações
em relação a países com dívidas altas.
Segundo Mantega, a confiança deve aumentar com a aprovação do fundo
europeu para a crise. Ele “vai dar ajuda importante na recuperação da
economia mundial” e tranquilizar o mercado de vez. Mas o referido fundo
depende da aprovação de 17 parlamentos e conta até o momento com 15
referendos parlamentares. Faltam ainda as aprovações da Finlândia e da
Eslovênia, revelou o ministro da Fazenda. Além disso, o programa de
socorro franco-alemão só deve demorar mais uns 20 dias.
Mantega salientou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) também deve
dar mais algum reforço de recursos para as economias mais carentes da
Europa. Isso, segundo ele, será analisado na reunião que ministros da
Economia de diferentes países realizarão em Paris a partir da próxima
quarta-feira (12), da qual ele fará parte e é preparatória para um
encontro de chefes de governo, que ocorrerá dentro de duas semanas.
No seu entender, “a crise é crônica, e não terá curta duração”. Como a
crise afeta toda a economia mundial, ele ressalta que os governos em
geral devem trabalhar para evitar que ela entre em uma fase aguda, de
quebra de bancos e de países. Se isso acontecer, disse ele, “poderemos
ter cenário parecido com o de 2008”. Ele destacou também o perigo da
crise contrair mais ainda o comércio mundial, com reflexos em países
emergentes como a China, pois uma possível desaceleração do crescimento
chinês afetaria as exportações brasileiras.