O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, que faça um levantamento dos 50 maiores investimentos em andamento no país. Com a lista, que inclui obras da iniciativa privada, Lula quer saber em que estágio estão os investimentos, quantos estão parados e quais as razões de possíveis atrasos e cancelamentos. A intenção é mapear o que é reflexo da crise internacional e o que é decisão meramente empresarial.
O pedido foi feito durante reunião com as centrais sindicais, na noite de segunda-feira. Foi citado, por exemplo, o cancelamento da parceria da Vale com a chinesa Baosteel para a construção de uma siderúrgica no Espírito Santo. Matéria publicada no Valor mostrou que um dos motivos para a desistência foi a decisão do governo capixaba de vetar a construção da usina em Ubu, município de Anchieta, por questões ambientais. Outro local foi oferecido, sem agradar aos acionistas.
Lula tem defendido a manutenção dos investimentos como uma das formas de amenizar os efeitos da crise financeira no país. Tem assegurado que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não será paralisado e pedirá a governadores, sobretudo dos Estados mais industrializados, que não paralisem obras. Para aquecer um dos setores que mais tem sofrido com a falta de crédito – a construção civil – será lançado, na próxima semana, um pacote de medidas de incentivo fiscal e creditício para o setor.
Essas medidas ainda não foram fechadas, mas a tendência é que elas atinjam os dois lados da cadeia: tanto as construtoras – pela ampliação da construção de casas populares no país – como os consumidores, com modalidades de financiamento vantajosos o suficiente para manter o mercado aquecido.
A construção será o terceiro setor estratégico da economia a ser contemplado por iniciativas do Executivo. O governo já ampliou as linhas de crédito do Banco do Brasil para auxiliar os produtores rurais e reduziu o IPI dos veículos – nos casos dos veículos 1.0 cc, a taxa foi zerada – para estancar a desaceleração nas vendas. Da mesma forma que foi feita em relação aos investimentos, o presidente Lula também pediu ao ministro Miguel Jorge um raio-x das demissões ocorridas em todo país, para saber se existe uma tendência generalizada ou ela atinge apenas alguns setores da economia. O Palácio do Planalto está extremamente preocupado com a questão do desemprego.
Durante reunião da coordenação política, ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, de volta ao trabalho depois de uma semana de férias, fez uma análise da conjuntura econômica internacional. Amanhã deve ser realizada uma reunião do presidente com dirigentes dos bancos públicos – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – para discutir alternativas de redução do spread bancário. O governo acredita que não existem razões para que os bancos públicos cobrem taxas equivalentes às do mercado.