JUSTIÇA DE SÃO PAULO DETERMINA QUE O MUNICIPIO AUTORIZE A EXPEDIÇÃO DE NOTAS FISCAIS ELETRÔNICAS.
9 de fevereiro de 2024Por que Rússia deve crescer mais do que todos os países desenvolvidos, apesar de guerra e sanções, segundo o FMI
18 de abril de 2024O novo modelo de licitação do trem-bala anunciado pelo governo anteontem pode atrair novos investidores – especialmente estrangeiros – à competição pelo projeto, que deverá custar pelo menos R$33 bilhões, pelos cálculos oficiais. Esta é a avaliação de especialistas e empreendedores ouvidos pelo GLOBO, que consideram que as mudanças diluem riscos e garantem transparência ao processo. Os chineses, que haviam desistido, devem voltar com tudo (tecnologia e dinheiro), e pelo menos três construtoras europeias são apontadas como fortes candidatas à concessão da infraestrutura. Espera-se ainda o interesse de fundos de investimentos privados no projeto.
– Criamos as condições para a participação dos estrangeiros. Enfim, estamos falando a linguagem técnica internacional e não aquela que caiu em descrédito com os últimos acontecimentos ligados à infraestrutura. O modelo ficou mais claro. O investidor internacional precisa de transparência. Antes era um salto no escuro – disse o professor Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Estudos Logísticos da Fundação Dom Cabral.
Empreiteiras estrangeiras não disfarçam interesse
Gigantes da construção como as francesas Bouygue e Colas e a espanhola Obrador-Huarte-Lain (OHL) – presente em grandes projetos rodoviários no país – podem ser uns dos novos interessados no leilão da infraestrutura (malha ferroviária).
Assustados pela possibilidade de terem de arcar com os riscos das obras, o que já não existe, os chineses – que têm construídos trens-bala em seu território e dispõem também de recursos – deixaram o processo há alguns meses. Para o governo, a volta da China pode ser um fator determinante, tendo em vista que os seus preços são competitivos e devem acirrar a competição entre os estrangeiros.
Por sua vez, Japão – cujo grupo de empresas já teria os R$10 bilhões em financiamento garantidos pelo banco de fomento Jbic -, França e Espanha veem na linha férrea de alta velocidade do Brasil, considerada hoje o maior potencial de rentabilidade do mundo, uma oportunidade de ampliar seus negócios.
Oficialmente, as empresas dizem que precisam de tempo para estudar as mudanças. Mas não disfarçam seu interesse. É o caso da japonesa Mitsui e da francesa Alstom. Em comunicado, a empresa disse que ela e a estatal de ferrovias francesa “reafirmam o interesse no projeto e continuarão discutindo-o com todas as partes interessadas, utilizando sua experiência, a fim de ajudar a trazer a tecnologia de trens de alta velocidade ao Brasil”.
A avaliação geral é que realizar o leilão da construção após a escolha do consórcio que vai operar a tecnologia e determinar o projeto-executivo com todos os detalhes necessários às obras – ou seja, fatiar em dois o projeto – permitirá às empresas saber exatamente quanto vão gastar. A absorção de parte dos riscos pela União – que garantirá ao construtor o pagamento do aluguel da malha a ser feito pelo operador – criou a possibilidade de exploração imobiliária e poderá cobrir eventuais diferenças no valor da obra.
A Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) crê que o novo modelo corrige falhas do anterior e deve atrair mais empresas à licitação. Para um empreendedor, a segmentação da fase de construção (a ser determinada pelo governo) também permite desembolsos em etapas, uma demanda do setor.
– Fatiar o leilão pode servir de incentivo para que as empresas sejam atraídas por suas áreas de expertise. Empreiteiras, pela construção, e detentores de tecnologia, pela operação – afirmou Peter Wanke, especialista em logística e infraestrutura da Coppead/UFRJ, que questiona, porém, a prioridade que está sendo dada ao trem-bala.
Consórcio de 19 empresas elogia mudanças no projeto
Um consórcio formado por 19 empresas voltou a se interessar pelo projeto. Luciano Amadio, presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop), que lidera o grupo, disse que o empreendimento parece bem mais viável:
– Pelo molde anterior, arcaríamos com os riscos. Agora, parece que esse ônus ficará com o operador, que terá o aval do governo. Obviamente, são necessárias mudanças, mas o projeto fica bem mais atrativo.
Os dois leilões para escolher o operador da linha de trem, responsável pela tecnologia, e o construtor devem acontecer até 2012. A estimativa é que a obra seja entregue em seis anos. As obras devem começar em 2013. Amadio quer marcar ainda na próxima semana uma audiência com o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, para discutir o projeto. Ele disse que em todo o mundo o governo local costuma ser avalista de projetos desse tipo.
Amadio acha que um dos grandes problemas do projeto, que ligará o Rio a São Paulo e Campinas, é a definição do traçado da linha, que, segundo ele, prevê um número menor que o necessário de túneis e viadutos. Para o grupo de empreiteiros ligados a Apeop, o valor da obra é de R$55 bilhões, e não R$33 bilhões orçados pelo governo.
O presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base (Abdib), Paulo Godoy, disse que o problema estava na garantia de retorno financeiro.