O senador Jader Barbalho (PMDB-PA), empossado na tarde desta
quarta-feira, 28, em solenidade da Mesa Diretora, elegeu a Lei da Ficha
Limpa como um de seus maiores adversários, depois do ex-presidente do
Senado Antônio Carlos Magalhães, com quem travou embates históricos no
passado. “Eu jamais havia enfrentado, após ACM, um adversário tão
difícil”, declarou o peemedebista, que deixou de exercer 11 meses de
mandato por ter sido barrado como ficha suja nas eleições do ano
passado.
Durante a entrevista concedida após a posse, Jader pediu para
homenagear Antônio Carlos Magalhães. Lembrou que, antes de morrer, o
pefelista declarou que o episódio mais difícil de sua trajetória havia
sido o confronto com Jader. “Eu queria retribuir essa homenagem”,
brincou Jader, afirmando que depois de ACM, a campanha da Ficha Limpa
foi o episódio mais difícil de sua carreira. “Eu ouvia as pessoas
lamentando que não votaram em mim porque os votos não seriam
contabilizados, seriam anulados”, reclamou.
Ele rebateu as críticas de que teria apressado a posse a fim de
garantir o pagamento das “ajudas de custo” devidas aos senadores no
início e final de cada ano legislativo. “Não houve pressa e, sim,
demora”, protestou. Com a posse a quatro dias do fim do ano, Jader vai
receber duas ajudas de custo no valor de R$ 26,7 mil – uma agora, outra
no início do ano -, mais quatro diárias (R$ 3,5 mil), mais o
salário de janeiro, mês de recesso parlamentar. Ele afirmou que só quer
receber o que tem direito como qualquer senador, “nem um centavo a mais
nem a menos”.
Homem forte do PMDB, Jader declarou que sua linha de ação será
acompanhar a orientação de voto do partido, principal aliado da
presidente Dilma Rousseff. Mas ressaltou que deve seu mandato
“exclusivamente ao povo do Pará” e, portanto, poderá divergir do governo
quando julgar necessário.
Escoltado pelo filho Daniel, de 9 anos – que fazia caretas para os
fotógrafos e cinegrafistas durante a coletiva – e pela filha Giovana, de
15 anos, Jader afirmou que se arrepende somente da “passionalidade” com
que enfrentou a crise política que o apeou da cadeira de presidente do
Senado em 2001. “Foi um gesto de natureza política”, minimizou. Ele
renunciou para escapar da cassação, em meio à onda de denúncias de
desvio de recursos destinados à Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia (Sudam).