JUSTIÇA DE SÃO PAULO DETERMINA QUE O MUNICIPIO AUTORIZE A EXPEDIÇÃO DE NOTAS FISCAIS ELETRÔNICAS.
9 de fevereiro de 2024Por que Rússia deve crescer mais do que todos os países desenvolvidos, apesar de guerra e sanções, segundo o FMI
18 de abril de 2024Em clima de recessão econômica e tensão internacional, o Irã elege nesta sexta-feira seu novo presidente após dois mandatos consecutivos – e oito anos – de poder de Mahmoud Ahmadinejad. Oito candidaturas foram aprovadas pelo Conselho de Guardiães, mas com duas desistências durante a campanha, restaram seis nomes na disputa. Com a exclusão de candidatos reformistas da lista final e um pleito marcado pela ausência de plenas garantias democráticas, não importa quem seja o eleito, não se esperam alterações profundas num regime comandado com mão de ferro pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei. Mas, diante do balanço negativo do governo Ahmadinejad, há expectativas de mudanças de método e de estratégia.
Entre os conservadores citados como favoritos estão o prefeito de Teerã, Mohammad Baqer Qalibaf e o negociador nuclear Saeed Jalili. Numa linha considerada mais moderada aparece o ex-negociador nuclear Hassan Rowhani, que ganhou, na última hora, o apoio do ex-presidente reformista Mohammed Khatami e de intregrantes do Movimento Verde, derrotado nas urnas num pleito contestado em 2009. O endosso deu algum fôlego a Rowhani — que tem como adversários um grupo de conservadores muito forte, mas também fragmentado.
Além do presidente, os iranianos escolhem, ainda, seus representantes no âmbito municipal. Pelo menos 50 milhões de eleitores estão aptos a votar. E o índice de comparecimento, tradicionalmente, é um dos indicadores da legitimidade do regime.
Para o pesquisador Clément Therme, especialista em questões iranianas do Centro de Análise e de Intervenção Sociológicas (Cadis), o principal objetivo de Khamenei nesta eleição é o de tirar o país da crise de legitimidade surgida com as manifestações eclodidas nas ruas no rastro do pleito de 2009, com as derrotas dos candidatos reformistas Mir-Hossein Mousavi e Mehdi Karroubi (líderes do Movimento Verde, há dois anos em prisão domiciliar em Teerã). Para ele, novos protestos poderão ocorrer — embora haja uma maior vigilância do regime para driblar indesejadas surpresas.
– As autoridades da República Islâmica trataram estas eleições também como uma questão de manutenção da ordem pública. Houve uma preparação muito especial, desde a seleção dos candidatos, para evitar a emergência de um novo movimento. Elas temem a conexão do descontentamento de uma certa parte da população com um candidato dotado de um discurso alternativo à visão do líder supremo da revolução islâmica – avalia Clément Therme.
Crise econômica e programa nuclear pesam
Embora o pleito seja ainda mais imprevisível por causa do caminho aberto a uma “engenharia eleitoral” – fraude e mobilização do regime pelo voto clientelista -, o analista coloca Qalibaf e Rowhani em vantagem:
– São os que têm mais chances. Qalibaf focou na economia e nos problemas do cotidiano. Rowhani representa uma linha alternativa ao líder supremo, tem o apoio de Rafsanjani e defende mais diálogo com o Ocidente. Ele pode cristalizar o descontentamento, principalmente entre os estudantes e as classes médias e mais favorecidas.
A difícil situação econômica e a questão nuclear são os principais temas em jogo nas urnas. Com índices de desemprego de mais de 20% e de inflação superior a 30%, o Irã entrou pela primeira vez em recessão desde a guerra com o Iraque (1980-88), ao registrar uma queda de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). A crise é creditada às sanções internacionais mas também à má gestão da economia e da política externa. No âmbito do programa nuclear, confrontam-se a visão dos que defendem manter a rigidez nas negociações com Estados Unidos e a Europa e a dos que apoiam o diálogo. Reformistas criticaram a política externa de Ahmadinejad, denunciando sua primazia pela relações com a América Latina e a África como pouco benéficas.
– Se um candidato mais reformista for eleito, pode-se esperar por uma política internacional com menos ênfase na América Latina e na África, em favor de um reequilíbrio para solucionar os problemas econômicos – diz Therme. – Rohani defende a diplomacia pela causa nuclear iraniana, mas com maior transparência, junto com a retirada gradual das sanções. Já Jalili é intransigente nesta questão.
Entre todos os candidatos, no entanto, nenhum pode ser considerado um opositor de Khamenei e nem poderá ameaçar sua liderança:
– A eleição de Rowhani poderia ser também um meio para ele para fazer mudanças políticas. É um intelectual religioso que poderia mudar a imagem desgastada deixada por Ahmadinejad, sem alterar de muito os objetivos perseguidos pelo Irã.