Os ingressos de investimentos estrangeiros diretos em ações e em títulos públicos explicam a abundância de dólares no mercado de câmbio observada nas últimas semanas, segundo mostram estatísticas divulgadas ontem pelo Banco Central. Empresas também estão antecipando receitas com exportações, por meio de operações de Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC).
As entradas de dólares superaram as saídas em US$ 3,086 bilhões em maio, até o dia 22, conforme dados sobre operações de câmbio contratadas entre os bancos e seus clientes. Desse total, o BC adquiriu US$ 2,408 bilhões em seus leilões de compra de moeda estrangeira. Os bancos absorveram US$ 978 milhões, com aumento da sua posição comprada em moeda estrangeira de US$ 1,258 bilhão para US$ 2,236 bilhões entre abril e 22 de maio.
O destaque no movimento de câmbio é o segmento financeiro, no qual são fechadas as transações envolvendo capitais e os serviços e rendas, com um superávit de US$ 1,632 bilhão em maio, até o dia 22. Será o primeiro resultado positivo desde março de 2008, caso não haja mudança de tendência até o fim do mês.
Os investimentos diretos são o item mais importante por trás desse superávit financeiro, com um fluxo positivo de US$ 2,5 bilhões em maio, até ontem. Nesse caso, as estatísticas se referem às operações de câmbio liquidado, que normalmente ocorre dois dias depois da contratação. A projeção do BC é que os investimentos diretos cheguem a US$ 2,6 bilhões até o fim do mês. O ingresso de investimentos diretos está abaixo dos US$ 3,409 bilhões de abril. Mas superam a média de entradas no primeiro quadrimestre (US$ 1,588 bilhão) e estão acima dos ingressos necessários (US$ 2,083 bilhões) para que o fluxo chegue aos US$ 25 bilhões projetados pelo BC para o ano.
As entradas líquidas de investimentos estrangeiros dirigidos à compra de ações somam US$ 2,349 bilhões, nos dados parciais de maio, até o dia 22. É mais do que três vezes os US$ 639 milhões que entraram em abril. As compras de títulos públicos chegaram a US$ 811 milhões, nos dados parciais coletados em maio.
A taxa de rolagem da dívida externa ficou em apenas 22% em maio, abaixo dos 87% ocorridos em abril. Os ingressos de recursos de captações somam US$ 271 milhões, ante US$ 1,273 bilhão em vencimentos no período. Entre os serviços e rendas, o item que mais pesa nos dados parciais de maio são as remessas de lucros e dividendos, US$ 2,387 bilhões. Os pagamentos de juros da dívida externa chegaram a US$ 580 milhões.
As operações de comércio exterior também estão contribuindo para o superávit no mercado de câmbio. Em maio, até o dia 22, as vendas de dólares por exportadores supera as compras por importadores em US$ 1,454 bilhão. O saldo é puxado sobretudo pelas operações de ACC, que, depois de forte queda em virtude da crise financeira internacional, começam a mostrar sinais de recuperação, com um saldo de US$ 2,123 bilhões, até o dia 22 de maio. Os contratos de ACC equivalem a 23% das exportações no período, acima dos 17,4% observados em abril.