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18 de abril de 2024O plano B de milhares de trabalhadores que deixaram o emprego formal nos últimos meses – vítimas da crise – está puxando para cima a indústria brasileira de motocicletas. Aplicativos como Uber Eats, Rappi, Loggi e iFood ajudaram as fabricantes de motos instaladas no país a produzirem 116.525 unidades em agosto, o melhor resultado do mês nesta década.
De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), o resultado representa uma alta de 19,2% em relação ao mesmo mês do ano passado (97.773 unidades) e de 36,9% na comparação com julho do presente ano (85.131 unidades).
\”Com a chegada dos aplicativos, esses entregadores puderam trabalhar para três ou quatro empresas e não apenas para uma só\”
Para o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, o mercado de delivery explica parte dessa alta, mas não é a única resposta. “A utilização de serviços de entrega por motocicletas já estava bem consolidada há alguns anos. Muitos motociclistas prestavam serviços para farmácias e pizzarias, por exemplo. No entanto, essas motocicletas ficavam paradas”, afirmou o executivo. “Havia também empresas especializadas em entregas especiais, como transporte de órgãos, só para citar um exemplo. Com a chegada dos aplicativos, esses entregadores puderam trabalhar para três ou quatro empresas e não apenas para uma só”.
De acordo com dados da Pesquisa por Amostragem de Domicílios Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a evolução do setor de motos é, sim, decorrência das dificuldades para quem busca vagas formais no Brasil.
A informalidade favorece a comercialização de motos no Brasil. O número de entregadores disparou no primeiro trimestre de 2019. O aumento chegou a 201 mil novos trabalhadores – ou 104,2% a mais no item delivery na comparação com o mesmo período no ano passado. “O delivery se destaca em meio à crise no contexto das ocupações temporárias. As motocicletas de baixa cilindrada, as mais baratas, se transformaram em ferramentas indispensáveis a quem precisa exercer atividades imediatas”, afirma o especialista em planejamento urbano pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Walter Capelli.
A Abraciclo projeta o total de 1,1 milhão de unidades fabricadas este ano, o que representaria um salto de 6,1% sobre o ano passado inteiro. A entidade admite que o índice pode corresponder à demanda gerada pelo sistema de aplicativos, especialmente porque as exportações têm caído mês a mês em razão, principalmente, da crise na Argentina.
“No ano passado, de janeiro a agosto, as exportações atingiram cerca de 53.700 unidades e, neste ano, tivemos queda de 50% no mesmo período. A alternativa é buscar outros mercados. Honda e Yamaha, por exemplo, estão negociando com países como a Colômbia, onde os embarques já registram aumento de 29%, e com o Peru e Chile, com 3.419 unidades exportadas. As marcas estão concentrando seus esforços e negociando também com outros países da América do Sul”, completa Fermanian.
A exemplo das motos, as bicicletas também estão em alta. Para Cyro Gazola, vice-presidente do segmento de Bicicletas da Abraciclo, o aumento do uso das bikes, tanto como meio de mobilidade nos centros urbanos como para práticas esportivas, mantém o setor aquecido.
“Para atender a esse consumidor, as fabricantes nacionais oferecem modelos com maior valor agregado a preços mais acessíveis”, comenta. O executivo ainda destaca que a produção tende a crescer nos próximos meses com a chegada de datas comemorativas, como o Dia das Crianças, Black Friday e Natal, que costumam estimular as vendas desse produto.
Em agosto, a categoria mais produzida foi a Urbana, com 56.297 unidades, representando uma alta de 32,2% na comparação ao mesmo mês do ano passado (42.580 unidades) e de 60,7% em relação a julho do presente ano (35.038 unidades). Em segundo lugar ficou a Mountain Bike (MTB), com 43.827 unidades, volume 37,6% superior em relação a agosto de 2018 (31.862 unidades) e 34,3% maior ante julho do presente ano (32.629 unidades).
De janeiro a agosto, a categoria mais fabricada foi a Mountain Bike (MTB), com 283.792 unidades e 47,9% de participação. “Apesar de ser usada, principalmente, em trilhas e terrenos acidentados, muitas pessoas passaram a utilizar esse tipo de bicicleta nas grandes cidades, devido aos recursos tecnológicos como suspensões, marchas e freios hidráulicos, que garantem maior conforto e segurança”, explica Gazola.