Apesar da crise, a produção industrial mundial cresceu em nédia 18
vezes mais rápido que a expansão manufatureira no Brasil. A constatação
faz parte dos dados divulgados por uma das mais renomadas entidades de
pesquisa, o Escritório Holandês de Análise de Política Econômica,
referência para a coleta de dados de algumas das principais organizações
internacionais.
Em 2011, a produção industrial brasileira cresceu apenas 0,3%, com o
governo alegando que a recessão nos países ricos e a moeda valorizada
foram principais motivos da estagnação.
Mas, enquanto a taxa brasileira revela uma situação desconfortável, o
restante do mundo conseguiu um certo crescimento. No ano passado, a
média da produção industrial mundial cresceu 5,4%. A taxa é a metade do
crescimento de 2010 e foi afetada pelo retorno da turbulência mundial e
da recessão europeia.
Ainda assim, a média mundial e também a da Europa – que mesmo afetada
pela crise subiu 3,7% – superaram em muito o desempenho brasileiro.
Os resultados no Brasil acabaram prejudicando toda a América Latina,
que teve expansão da produção industrial de apenas 2,5% no ano, menos da
metade da taxa média mundial.
Em 2010, a região já havia crescido menos que a média mundial. Mas os
números eram próximos. Agora, com os resultados brasileiros, a
distância entre a América Latina e o resto do mundo se amplia e apenas a
África tem taxa inferior.
A constatação é de que a indústria latino-americana está em crise e
não tem conseguido acompanhar nem mesmo o ritmo de crescimento do setor
manufatureiro da Europa. Teve no ano que passou uma expansão que é
apenas um quinto do ritmo asiático.
Entre os países ricos, o Japão foi o único que teve taxa inferior à
da América Latina, com queda de 3,5% causada pelo tsunami e o desastre
nuclear de Fukushima.
A expansão da América Latina foi de apenas um quinto do crescimento
da Ásia , com 10,9%. Entre os emergentes, o crescimento do setor
industrial foi de 8,4%.
Se a entrada de recursos no continente e os lucros com a venda de
commodities são destaques, o setor industrial não vive a mesma situação.
A América Latina conseguiu ter crescimento ainda inferior ao da Europa e
dos Estados Unidos, onde a indústria evoluiu 4,1% ante 2010.
Recessão. O segundo semestre de 2011 chegou a apresentar contração
real da indústria latino-americana. Depois de crescer 0,1% no segundo
trimestre, o setor acumulou perdas de 0,4% entre julho e setembro de
2011 e outros 0,7% de queda entre outubro e dezembro. O resultado só não
foi pior que a queda de 6,7% na produção industrial da região em 2009,
pior ano para a economia mundial em sete décadas.