O fiel da balança na redução das taxas tem sido a inadimplência. Nichos com índices melhores já tiveram reduções mais acentuadas de juros, enquanto as linhas mais arriscadas embutem spreads mais elevados. A expectativa, no entanto, é que os níveis de atraso permaneçam estáveis até o fim do ano, com redução apenas a partir de 2010.
A inadimplência média das empresas do segmento de pessoas jurídicas chegou a 4% em setembro, mais do que o dobro do patamar pré-crise. Os créditos em atrasos entre 15 e 90 dias, no entanto, que indicam a tendência futura, já apontam para baixo. “A inadimplência deve se estabilizar, mas só recua em 2010”, diz Silvio de Carvalho, diretor do Itaú Unibanco.
Esse patamar elevado, dizem os executivos de bancos, é o responsável pelos spreads ainda altos do crédito para empresas. Segundo dados do Banco Central, o spread médio para pessoas jurídicas atingiu 17,7% em setembro, quase quatro pontos percentuais acima do mínimo registrado no ano passado.
As condições já são bem melhores para as grandes empresas, com spreads no mesmo patamar pré-crise, em 8,7%.
Nas linhas para pessoas físicas, cuja inadimplência recuou pelo terceiro mês consecutivo, para 8,2%, os spreads se aproximam das mínimas vistas em 2008, saindo de 43,5% no início do ano, para 33,4% em setembro.
Para Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo, a tendência agora é de queda dos atrasos até pela maior seletividade dos bancos nas concessões de novas linhas. “O problema é que as pessoas tinham muitas alternativas de crédito e o endividamento subiu muito”, diz.
Segundo levantamento feito pela Associação Comercial, mais da metade (53%) dos CPFs registrados na base de dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) tem entre uma e cinco dívidas registradas em seus nomes. Nessa faixa, o risco de atraso nos próximos seis meses varia entre 4% e 8% para compras no varejo.
A saída para enfrentar esse cenário de maior endividamento tem sido ampliar as áreas de cobrança. Um dos mais agressivos nesse ano, mesmo durante a crise, o Banco do Brasil conseguiu manter a qualidade da carteira de crédito também pelo investimento nas áreas de cobrança e recuperação, diz Ricardo Flores, diretor do Banco do Brasil. A inadimplência do banco fechou junho em 3,3%, contra 4,4% do sistema financeiro, comemora o executivo do banco estatal.