A inadimplência das pessoas físicas fechou agosto no maior nível
desde maio do ano passado. Segundo dados divulgados hoje (27) pelo Banco
Central, os atrasos nos pagamentos de mais de 90 dias corresponderam a
6,7% das operações de crédito. Para as pessoas jurídicas, a
inadimplência foi 3,9%, maior nível desde outubro de 2009.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o
aumento da inadimplência foi provocado pelas medidas macroprudenciais
tomadas no fim do ano passado, que encurtaram o prazo médio e ampliaram
as taxas de juros das operações no primeiro semestre. “De fato, isso
provocou um aumento, mas as taxas estão abaixo do observado em outros
ciclos [de aperto no crédito]”, ressaltou.
Maciel descartou o risco de descontrole da inadimplência. Ele alegou
que o crescimento do emprego, mesmo em ritmo menor que no ano passado,
continuará a garantir o pagamento das operações de crédito pela
população brasileira. “A massa salarial é uma variável importante quando
olhamos para a inadimplência. Os salários ampliados são um indicador da
capacidade de pagamento”, declarou.
Apesar do agravamento da crise econômica internacional, Maciel diz que a
inadimplência se acomodará e não deverá voltar a crescer no próximo
ano. “Mesmo havendo crise no cenário externo, nossa perspectiva é a de
continuidade do crescimento da economia brasileira. Isso se reflete em
maior massa salarial e nível de ocupação”, destacou.