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18 de abril de 2024O novo presidente do Banco do Brasil (BB), Aldemir Bendine, foi apresentado ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e já ouviu dele que terá de cumprir uma espécie de contrato de gestão para conquistar mais espaço no mercado ampliando o crédito, oferecendo melhores condições e sendo mais agressivo na concorrência com outras instituições financeiras. O ministro prometeu que o maior banco federal não vai perder rentabilidade com a queda dos spreads porque vai aumentar seu volume de crédito. Mantega também revelou que outro objetivo da nova gestão é reorganizar o setor de seguros porque, nessa área, o BB está atrás de outros grandes bancos.
Bendine nasceu em dezembro de 1963 em Paraguaçu Paulista (SP). Graduado em administração de empresas, é funcionário do BB desde junho de 1978 quando ingressou como menor estagiário. É o atual vice presidente de Cartões e Novos Negócios de Varejo na equipe de Antonio Francisco de Lima Neto, presidente que deixa o cargo depois de mais de dois anos.
Mantega revelou que Lima Neto já vinha pedindo para sair há algumas semanas e que seu ciclo foi completado. O ministro da Fazenda negou ingerência política na instituição, mas disse que “se houve ingerência, foi para o bem”.
Em seus poucos comentários na apresentação comandada por Mantega, Bendine disse que um ponto importante da sua gestão será a valorização do funcionário, que ele considera o maior ativo do banco. Sobre os desafios que vai enfrentar, afirmou que vai combater, do ponto de vista da rentabilidade, a queda do spread com o aumento do volume de crédito.
Na visão de Mantega, Lima Neto concluiu um ciclo importante, quando o BB aumentou seu nível de atividades e o crédito foi aumentando “consideravelmente”. Ressaltou que, se não fosse a fusão do Itaú com o Unibanco, o Banco do Brasil seria o maior do país, mas voltará a ser. “Fizemos muito e podemos fazer mais. É isso que esperamos da nova direção do banco”, disse Mantega. Na visão dele, ainda não foi resolvido o problema de crédito e de custo financeiro. “Estamos caminhando, mas precisamos caminhar mais rápido. Aumentaremos o volume de crédito dentro dos padrões de segurança”, avisou.
O próximo presidente do BB tomará posse em 23 de abril e, de acordo com Mantega, a política de crédito do banco será mais agressiva. Para o ministro, é necessário ampliar a concorrência porque, no setor financeiro, ela é “incipiente e insatisfatória”. Ele ressaltou que, apesar da queda da taxa básica de juros Selic, a falta de concorrência no mercado financeiro permite os altos spreads. “O Brasil é um dos poucos países que possuem bancos públicos, e, nesse momento, eles podem desempenhar papel fundamental”, afirmou.
A agressividade para ocupar mais espaço no mercado não significa, de acordo com Mantega, abrir mão de segurança e responsabilidade na administração do Banco do Brasil. Como exemplo, citou que a inadimplência do BB é cerca de metade da média do mercado. “O banco vai continuar tendo lucros. Os acionistas podem ficar tranquilos”, prometeu o ministro da Fazenda. Mas tranquilidade foi o que faltou na manhã de ontem com a elevação da temperatura sobre os boatos da queda de Lima Neto. A assessoria de Mantega só confirmou a saída do presidente do BB perto do meio dia, quando anunciou uma entrevista do ministro. As ações do BB caíram 8,1% no pregão de ontem da Bovespa .
Na avaliação do ministro da Fazenda, o atual momento na economia mundial exige “ousadia”, mas a vantagem do Brasil é que o país pode exercer essa ousadia com segurança e responsabilidade. “Outros países tiveram seus sistemas financeiros abalados, mas o nosso é sólido. O Brasil é considerado um dos países mais preparados para a crise e temos bancos públicos mais sólidos ainda, sem crise de confiança. Então, os bancos têm que exercer papel importante na elevação do crédito. Estamos reconstituindo o volume de crédito. O BC está tomando medidas”, garantiu.
Mantega negou mudanças no comando da Caixa Econômica Federal. Disse que a instituição tem tido excelente desempenho, e é a maior financiadora imobiliária do país, além de ser responsável pela distribuição dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Lima Neto não deve permanecer no Banco do Brasil e negou irregularidades nas aquisições de carteiras de crédito. Ressaltou que, no processo mais agudo da crise, essas operações foram pautadas pela boa prática bancária, com metodologia de risco adequada. “É a primeira vez que ouço isso. O crédito, no banco, é completamente segregado. Há áreas específicas que atuam. Não há possibilidade de irregularidade. Foram excelentes negócios para o banco”, garantiu.
Quando tentou explicar os motivos de sua saída, Lima Neto disse que, no Ministério da Fazenda, sempre foi pautado pelo profissionalismo. “Tudo que construímos foi dentro de excelente governança, o que levou o BB a aderir ao Novo Mercado e ter quase 22% das ações negociadas em Bolsa”. Na sua visão, não houve pressão.
Lima Neto também afirmou que foi encerrado um ciclo de trabalho e destacou a aquisição da Nossa Caixa e o reforço da presença da instituição em Minas Gerais. Sobre a indicação de Bendine, comentou que é a continuação da linha de técnicos da carreira do banco, o que o deixou “satisfeito”.