O presidente do Irã, Hassan Rouhani, afirmou nesta terça-feira (18) que não fará guerra com país nenhum. A declaração vem pouco depois de os Estados Unidos anunciarem que enviariam cerca de mil militares ao Oriente Médio, por conta do que chamou de \”motivos defensivos\”.
\”O Irã não fará guerra contra nenhuma nação\”, disse Rouhani em discurso transmitido ao vivo pela televisão estatal, segundo a Reuters. \”Apesar de todos os esforços dos americanos na região, seu desejo de cortar nossos laços com o mundo e de manter o Irã isolado, eles não tiveram sucesso.\”
Na terça (17), o país havia anunciado que vai aumentar o seu estoque de urânio enriquecido para além do que havia sido firmado no acordo nuclear de 2015.
As tropas adicionais anunciadas pelos Estados Unidos na segunda-feira (17) vão reforçar outros 1,5 mil militares que, segundo declaração do mês passado feita pelo presidente americano, Donald Trump, também seriam enviados à região.
A medida anunciada pelos americanos foi criticada pela Rússia, que alertou os Estados Unidos a parar com atitudes que pareciam uma tentativa de provocar uma guerra com o Irã.
\”O que vemos são tentativas intermináveis ​​e contínuas dos EUA de provocar uma pressão política, psicológica, econômica e, sim, militar sobre o Irã, de maneira bastante provocativa\”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, segundo as agências de notícias russas.
\”Essas ações não podem ser avaliadas como algo que não seja um caminho consciente para provocar a guerra\”, disse Ryabkov.
Não abram a Caixa de Pandora do Oriente Médio, diz China
O ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, também reprovou o anúncio americano de envio de tropas.
\”Apelamos a todos os lados para que permaneçam racionais, exerçam comedimento e não tomem medidas que aumentem as tensões regionais. Não abram uma caixa de Pandora\”, disse Wang. \”Em particular, os Estados Unidos deveriam mudar seus métodos extremados de fazer pressão\”, afirmou.
O representante chinês também pediu prudência aos iranianos e destacou que o acordo nuclear do país, firmado em 2015 com outros líderes mundiais, era o único modo plausível de resolver os entraves.
Entenda a crise nuclear do Irã em 355 palavras
\”Entendemos que os lados podem ter preocupações diferentes, mas, antes de tudo, o acordo nuclear abrangente deve ser implementado adequadamente\”, acrescentou. \”Esperamos que o Irã seja cauteloso com suas decisões e não abandone este acordo\”.
Os Estados Unidos anunciaram, no ano passado, que sairiam do acordo firmado com o país persa. Em contrapartida, o Irã declarou, nesta segunda-feira (17), que passaria do limite estabelecido no para o enriquecimento de urânio até o final de junho, mesmo em meio às sanções estabelecidas pelos americanos.
Apesar da saída dos EUA, Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e a própria China permanecem no tratado.
Na semana passada, dois navios petroleiros foram danificados no Golfo do Omã, em um suposto ataque que os americanos creditam ao Irã. O país persa nega.
As tensões na região vêm aumentando temores de que haja aumento da violência em países onde o Irã e seus rivais regionais, dos Golfos, travam uma luta por influência.
Um dia antes do incidente com os navios, um ataque de mísseis comandado por forças houthis iemenitas atingiu o aeroporto de Abha, na Arábia Saudita, e deixou 26 feridos. O reino árabe e os rebeldes houthis são adversários no conflito do Iêmen, que começou há cerca de 5 anos e já causou uma crise humanitária no país. Os houthis são, por sua vez, alinhados com o Irã.