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18 de abril de 2024O governo Michel Temer inicia a semana decisiva para seu futuro enquadrando infiéis para tentar uma tramitação mais calma da reformas no Congresso. Pelas redes sociais, Temer defenderá nesta segunda a necessidade das reformas trabalhistas e previdenciárias, durante vídeo para celebrar o 1º de Maio. Na terça, acertado com os aliados, o Diário Oficial da União trará a perda de cargos de aliados de deputados que não votaram alinhados ao Planalto no projeto que alterava pontos da CLT. “A atitude do governo de consolidar a base está correta. Não adianta pensar que temos uma margem ampla. Precisamos trabalhar com a segurança de 320 a 350 votos assegurados”, defendeu o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB).
A previsão é que a matéria seja colocada em votação na comissão especial especial nesta terça. O encaminhamento para o plenário é que segue uma incógnita. Depois do almoço com os governadores, na semana passada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sugeriu que a reforma poderia ser analisada pelo conjunto da Casa a partir do dia 8. Na semana passada, o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Trípoli (SP), considerou mais prudente uma ampliação nas conversas para garantir a aprovação. Efraim concorda. “Mais do que o tempo em que vamos demorar, é importante definir um texto que dê segurança para a base apoiar”, completou o parlamentar demista.
Analistas do mercado acompanham com atenção os próximos dias. “Se, porventura, a reforma da Previdência não for aprovada, o país terá que rever todo seu planejamento de curto e médio prazo”, afirmou o analista político da XP Investimentos Richard Back. Ele lembra que existe todo um estoque de recursos estrangeiros prontos para aportar no país, caso as reformas sejam aprovadas. Isso porque, em todo mundo, o cenário é de juros negativos, à exceção do Brasil. “Se os investimentos não vieram, o governo terá de emitir moeda para equilibrar a dívida, a inflação volta e os juros retomam trajetória de aumento. Paradoxalmente, sem a reforma da Previdência, quem perde são os mais pobres e os trabalhadores. Não o contrário”, resumiu.
A Previdência também poderá dar ao governo a tranquilidade para seguir em frente até o fim do mandato. Dificilmente Temer vai conseguir melhorar sua popularidade, aferida domingo no Datafolha em míseros 9% de aprovação. Mas precisará provar aos investidores internacionais que o país é confiável para quem deseja apostar por aqui.
No segundo semestre, o governo também promete apresentar algumas propostas de mudanças microeconômicas, como legislações para desburocratizar a máquina pública e facilitar a abertura ou fechamento das empresas. “Se ele conseguir implementar algumas outras mudanças, será bom. Mas temos de ter em mente, claramente, que o período de governo que Temer tem pela frente se encerra em dezembro. A partir de janeiro, os pré-candidatos à sucessão estarão com suas campanhas engatilhadas”, afirmou a vice-presidente da Ideia Inteligência, Cila Schulmann. “Temer diz que não será candidato, mas ele representa um grupo político que vai lutar para se manter no poder”, completou.
O historiador e professor do Ibmec-MG Adriano Gianturco afirma que a agenda de mudanças do governo Temer é bastante tímida. “Vão ficar pendentes as reformas tributária e política, por exemplo. Mas, se conseguir aprovar a Previdência, conseguirá se manter estável até lá. Na verdade, cá entre nós. Se com toda essa avalanche de denúncias e delações da Lava-Jato, o governo não caiu até agora, dificilmente cairá antes de dezembro de 2018”, disse Adriano.
O que o presidente vai fazer para chegar inteiro ao fim do mandato
Reforma da Previdência
» Temer precisa aprovar as mudanças nas regras de aposentadoria. O texto ainda não foi aprovado sequer na comissão especial da Câmara. Precisa de 308 votos no plenário da Câmara, em dois turnos, e outros 49 votos, também em dois turnos no Senado
Reforma Trabalhista
» Projeto já foi aprovado na Câmara e precisa agora ser analisado pelo Senado. Por ser um projeto comum, basta maioria simples. Mas, tanto entre os deputados quanto entre os senadores, essa votação servirá de parâmetro para medir a fidelidade dos partidos aliados
Reforma Tributária
» O Executivo estimulará o debate, mas deixou para o Congresso a discussão em torno em torno da simplificação dos impostos no país. Na Câmara, o trabalho de sistematização está a cargo do deputado Luiz Carlos Haully
Reforma política
» Apesar de o presidente Temer defender abertamente o modelo do distritão, o Planalto não vai se meter nesse guerra em tempos de Lava-Jato. O debate envolve lista fechada, financiamento público de campanha, cláusula de barreira e fim das coligações proporcionais
Financiamento
» A mudança já foi aprovada, mas só entrará em vigor no ano que vem, com a implantação efetiva da TLP, uma taxa de juros atrelada ao custo país. Quanto melhor a percepção do mercado com relação à política econômica, solvência e solidez das contas públicas, mais barato será o financiamento
Desburocratização
» No segundo semestre, a equipe econômica promete implantar medidas para diminuir a burocracia no país
\”Haja protestos ou não, Brasil continua a trabalhar\”
São Paulo – O presidente Michel Temer fez referência neste domingo à greve geral da última sexta-feira e disse que, com protestos ou não, o Brasil continuará a trabalhar. A declaração foi dada em discurso na cerimônia oficial de corte de fita da Japan House, espaço dedicado a mostrar a cultura japonesa do século 21, em São Paulo. “As reformas fundamentais geram, em primeiro momento, incompreensões, contestações, que fazem parte da democracia plena que vivemos no nosso país. Mas as instituições aqui funcionam com toda regularidade e o povo brasileiro é otimista. Por isso, nós dizemos, aconteça o que acontecer, haja ou não protestos, o Brasil continuará a trabalhar”, afirmou o presidente. Temer ainda disse que essa mensagem era direcionada aos investidores estrangeiros, especialmente aos japoneses, com objetivo de dar tranquilidade a eles. “Estamos desobstruindo os problemas da economia e eliminando o desemprego”, completou.
Durante a tarde e à noite de sexta-feira, manifestantes saíram às ruas em mais cem cidades brasileiras para protestar contra as reformas trabalhista e previdenciária. Houve confronto entre manifestantes e policiais no Rio de Janeiro e em São Paulo, perto da casa do presidente Temer. Os protestos foram realizados em favor da greve geral convocada por centrais sindicais.