Os private banks da Suíça ganham dinheiro fácil em fases de alta do mercado, quando os portfólios dos clientes disparam e, junto come eles, as comissões. Eles não estão, no entanto, em tão boa forma no momento.
As quedas nos ativos sob administração, em razão da desvalorização dos mercados, é um dos motivos. Há também a atividade dos países do G20 para conter a evasão fiscal, que colocou os private banks suíços sob os holofotes – longe de onde seus clientes tradicionais gostam de estar. Entretanto, por mais que eles possam reclamar da interferência estrangeira, os banqueiros suíços precisam arcar com grande parte da culpa.
Os dias em que os aspirantes a clientes apresentavam suas credenciais a um private bank ou mesmo entravam sorrateiramente em coquetéis no Grand Hôtel du Lac acabaram. Marcel Ospel, ex-presidente do conselho de administração e diretor-presidente do UBS, o maior private bank do mundo, sempre foi claro sobre o que queria que o UBS fosse: um aglomerador de ativos. Infelizmente, parte dessa aglomeração de ativos se mostrou indiscriminada.
Durante o boom tecnológico, quando os private banks começaram a cortejar os novos ricos, as instituições também se movimentaram no sentido de desenvolver um marketing de massa industrializado. Verdadeiros regimentos de vendedores eram despachados para fora do país. Noções sobre eles servirem como custodiantes da riqueza foram danificadas. Como explicar os 10 bilhões de francos suíços que os bancos da Suíça e os gerentes de investimentos aplicaram com Bernard Madoff (que montou a maior pirâmide financeira da história)? A taxa de rebate pode ser uma pista. Essa taxa é uma remuneração recebida pelo assessor que indica o fundo.
Não é nenhum acidente que Oswald Grübel tenha sido chamado para recuperar o Crédit Suisse quando ele bateu contra as pedras em 2002. Nem o fato de que, de lá para cá, ele também foi chamado para recuperar o UBS. Em termos mais gerais, o aperto global contra a evasão fiscal está exigindo uma reinvenção dos private banks suíços. Hoje, em todos os lugares, o modelo “onshore” (local) está em vigor e o modelo “nada de perguntas” se foi. Para proteger seus negócios, instituições como a Ombard Odier, Pictec e Julius Baer criaram companhias de private banking “onshore”. Elas terão de dar duro para levar seus serviços a níveis que os separem dos outros.