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18 de abril de 2024Em meio a um cenário desolador para os \”hedge funds\” globais, uma classe de ativos alternativos chama a atenção. Trata-se dos fundos que seguem tendências, de alta ou de baixa, que operam nos mercados futuros de commodities e em índices financeiros, conhecidos como CTA (commodity trading advisors) ou \”managed futures\”. Enquanto os fundos hedge acumularam perdas de 21,66% em 2008 até novembro, os CTAs estavam com retorno superior a 13% no período, segundo cálculos do Barclay.
No índice que mede o desempenho dos \”hedge funds\” calculado pelo Credit Suisse, os CTAs aparecem como uma das duas únicas estratégias que apresentaram rendimento no ano passado. O segmento, segundo o Credit Suisse, também mostrou retornos satisfatórios em pelo menos dois períodos recentes de turbulência. Na crise desencadeada pela quebra do Long Term Capital Management (LTCM) em 1998, os CTAs renderam 16% entre agosto daquele ano e agosto de 1999. Já em 2001, ano no estouro da bolha de internet e dos atentados de 11 de setembro, a categoria engatou uma alta superior a 28% entre março daquele ano e março de 2003.
A boa performance dos CTAs, que conseguem ganhar mesmo em ambientes adversos, tem conquistado a confiança do investidor. Levantamento do Barclay mostra que nos últimos 20 anos essa estratégia saltou de US$ 5,5 bilhões em ativos sob gestão, registrado em 1998, para US$ 225,5 bilhões em outubro.
Lance Reinhardt, diretor para a América Latina da Superfund, gestora austríaca especializada em fundos de mercados futuros de commodities e índices com US$ 1,5 bilhão em ativos, destaca que os fundos CTAs, apesar de serem considerados por muitos uma categoria de \”hedge funds\”, fazem parte de uma outra classe de investimentos alternativos. Uma das principais diferenças, diz o executivo, é que eles são regulados. \”Temos fundos registrados em mais de 15 países\”, conta.
No Brasil, ainda não há oferta de CTAs. A Superfund já anunciou que pretende distribuir um fundo no mercado local para investir em produtos da casa no exterior. A expectativa é de que a nova carteira esteja em operação nos próximos meses, conta Reinhardt. Alguns entraves operacionais ainda precisam ser solucionados, como a transferência do domicílio em que está registrado o fundo que vai receber as aplicações da carteira a ser lançada no Brasil para um mercado reconhecido pela Iosco, a entidade internacional que congrega as comissões de valores mobiliários.
Com o novo fundo, que será destinado a investidores super qualificados, com mínimo de R$ 1 milhão para aplicar, a Superfund pretende atrair investidores institucionais, como empresas, bancos e gestores de recursos, e também clientes private. \”Esse é o tipo de estratégia que de fato pode proporcionar diversificação e proteger o portfólio do investidor\”, diz Reinhardt. \”O ano de 2008 é um grande exemplo.\”
Na visão do executivo, os investidores deveriam direcionar algo entre 5% e 10% de seus recursos para os fundos de mercados futuros. Por ter baixa correlação com os mercados tradicionais de bolsa e de renda fixa, os CTAs ajudam a reduzir o risco da carteira ao registrar ganhos quando todos os outros segmentos estão perdendo. Mas mesmo entre os CTAs há uma variedade de estratégias. Há fundos que mesclam análises técnica e fundamentalista para fazer suas apostas, outros que só usam modelos de computador, há aqueles que só operam com metais, outros com commodities agrícolas etc.
A Superfund aplica em mais de cem mercados futuros mundo afora, de commodities agrícolas, grãos, metais, energia, ações, bônus, moedas etc. Com isso, consegue diversificação entre ativos e mercados. Outra vantagem é a possibilidade de operar na ponta compradora e na vendedora, podendo ganhar em mercados de alta ou baixa. As ordens de compra e venda são 100% automáticas, disparadas por computador com base em análises técnicas e sistemas que usam algoritmos para identificar tendências de mercado, de queda ou de alta, o que permite extrair retorno em qualquer ambiente.
As tendências podem durar algumas horas, dias, semanas ou meses. Tudo vai depender das condições de mercado. Em momentos de turbulência, destaca o diretor da Superfund, as tendências têm prazo de duração mais curto, por conta da forte volatilidade e de movimentos bruscos de correções. \”Foi assim nos últimos seis meses\”, diz.
Reinhardt conta que só há dois mercados no mundo capazes de suportar transações de CTAs: o americano, mais precisamente Chicago, onde está o CME Group, a maior bolsa de derivativos do mundo, e o de Londres, na Inglaterra, onde estão a Bolsa de Futuros Financeiros Internacionais e Opções de Londres (LIFFE), a Bolsa de Metais de Londres London International, a Bolsa Internacional de Petróleo (IPE).
\”A coisa mais importante para um fundo CTA é que os mercados em que ele opera tenham alta liquidez para que seja possível entrar e sair das posições em um mesmo dia e, se necessário, liquidar todo o portfólio\”, afirma o executivo. Característica que, segundo Reinhardt, não se vê por aqui. Além disso, ele afirma que ainda não é possível acessar da bolsa local todos os mercados futuros de commodities e financeiros do mundo.