O jornal inglês “Financial Times”, uma das publicações de maior credibilidade no mundo, errou grosseiramente num de seus principais artigos sobre como o brasileiro Roberto Azevêdo conseguiu ser eleito ao comando da Organização Mundial de Comércio (OMC). Sob o título de “Selado com um sorriso: como o Brasil colocou o seu homem Azevêdo na OMC”, o artigo começa descrevendo como o brasileiro traiu o segredo inicial sobre sua vitória “com um sorriso” na saída da OMC. E todo o artigo foi construído com base nisso: o sorriso.
Detalhe capital: o homem que saiu da OMC com “o sorriso”, logo depois de ser informado oficialmente da vitória do Brasil, não era Azevêdo, mas sim o diplomata Estanislau Amaral, o segundo na missão diplomática do Brasil em Genebra. Roberto Azevêdo, como mostram as fotos do GLOBO tiradas pouco após o anúncio, estava a vários quilômetros de distância da OMC, na sua sala de embaixador, esperando um telefonema de Estanislau Amaral, ao lado de sua mulher, a também embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo.
O “Financial Times”, na reportagem assinada por dois jornalistas e três colaboradores, nenhum deles em Genebra, assumiu que a pessoa que saía da OMC era Azevêdo e construiu, sem verificar, todo o seu artigo com base nisso. Começa assim: “O candidato brasileiro traiu seu sucesso com um sorriso. Pouco depois de 18h30m, hora local na terça-feira, Roberto Azevêdo saiu da sede da Organização Mundial do Comércio em Genebra e se deparou com com numerosos representantes da imprensa o esperando na frente”.
O artigo continua: “O embaixador brasileiro na OMC permaneceu em silêncio. Mas sua expressão alegre era uma dádiva: minutos antes, o Sr. Azevêdo tinha recebido a notícia de que ele havia assegurado sua nomeação para substituir Pascal Lamy. Com isso, ele coroou uma campanha de quase cinco meses…”. E a partir daí o artigo segue descrevendo o lobby do governo brasileiro para elegê-lo: a visita de Azevêdo a 47 países e o fato de que a presidente Dilma Rousseff passou a levá-lo nas viagens e encontros com líderes de vários países.
Como de praxe, no fim do artigo na internet lê-se: “jornalismo de qualidade global requer investimento. Por favor compartilhe este artigo com outros usando o link abaixo, não corte ou cole o artigo.”