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18 de abril de 2024Os analistas que esperavam a produção de \”milagres\” por parte da administração Barack Obama devem estar decepcionados. Do dia da posse (20 de janeiro) até ontem, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York caiu 4,16%. Não há soluções mágicas e a recuperação da carteira dos bancos e de sua capacidade de emprestar ainda vai demorar. O problema é que a retomada da atividade doméstica dependerá do andamento da crise internacional. O lado bom é que como o choque de demanda que atinge a economia brasileira é exógeno dificilmente se encontrará na história da atual gestão do Banco Central um punhado de riscos tão irrelevante para a execução da política monetária. Ele precisa aproveitar o momento para aprofundar a flexibilização monetária. E não emitir ao mercado sinais de permanência de uma postura contracionista.
A pesquisa Focus divulgada ontem pelo BC mostrou que as instituições entenderam perfeitamente as indicações monetárias contidas na ata do Copom editada na quinta-feira. Como antecipou ontem esta coluna, o documento emitiu o sinal de que o Comitê cortará a Selic em mais dois pontos percentuais, de tal sorte que, quando chegar a 10,75%, ele interromperá o movimento de queda. O recado foi assimilado pelas instituições, tanto que a expectativa de taxa Selic para o final do ano do Focus divulgado ontem recuou de 11% para 10,75%. O mercado entendeu a mensagem e obedeceu. O declínio firme dos juros futuros não representa mais uma rebelião em relação às sinalizações do BC. Os DIs não estão embutindo redução de Selic superior à indicação de 10,75% em dezembro. O contrato com vencimento em janeiro de 2010 cedeu ontem de 11,17% para 11,08%.
Para o ex-presidente do BC, Affonso Celso Pastore, a crise internacional vem provocando, no Brasil, uma queda maior da demanda do que da oferta agregada. O país enfrenta hoje uma redução do produto em relação ao potencial. Há um alargamento do hiato do produto porque a demanda cai mais do que a oferta. Isso vem de fora, e ocorre em meio às taxas reais de juros mais baixas observadas em todo o período do regime de metas de inflação. O juro real ex-ante, para os próximos 12 meses, caiu de 6,16% na sexta-feira para 6,10% ontem. Deflacionado pela expectativa de IPCA para 12 meses do boletim Focus (de 4,69%), o juro nominal considerado é o do swap de 360 dias, que ontem recuou de 11,16% para 11,08%.
O persistente movimento de queda do juro futuro não parece caracterizar um excesso de otimismo por parte do mercado. De acordo com relatório da AC Pastore & Associados, há uma boa e uma má notícia nesse quadro. A boa é que as taxas reais de juros no Brasil podem cair significativamente. A má é que, embora o choque externo que provocou este comportamento seja persistente, não é permanente, o que significa que a menos que outros fatores ocorram, com o gradual desaparecimento da atual crise internacional, os juros reais tenderão a retornar aos níveis prévios. \”Uma segunda advertência prende-se ao fato de que a demanda também se expande com a depreciação cambial\”, diz o relatório.
A consultoria MB Associados se alinha à mediana do Focus ao prever queda adicional de dois pontos percentuais na Selic. A tendência é de o BC, ofuscando os \”inflacionistas de plantão\”, como diz o economista-chefe da MB, Sérgio Vale, fazer rapidamente esses cortes. Isso porque os riscos do BC não são elevados. O mais relevante vem do câmbio. Para o câmbio produzir impacto na inflação não basta apenas a taxa nominal subir. Mais importante é a real. \”É ela que importará em termos de evolução de exportações e importações. Só que mesmo depois da crise a taxa real permanece relativamente estável, longe de atingir os picos de 2001 e 2003. E a taxa real permanece baixa porque os preços ao redor do mundo estão em queda, compensando o efeito de alta do câmbio\”, explica Vale. E, dadas as dificuldades encontradas neste início de governo Obama, o Copom não precisa \”temer\” um rápido fim da crise mundial.
Os juros futuros em queda, ao refletirem os efeitos da crise externa sobre o Brasil, são o mesmo lado da moeda que força a alta do dólar. Ontem, a moeda americana subiu 0,25%, cotada a R$ 2,3240. O BC fez o seu costumeiro leilão de venda direta do moeda. Como sempre, vendeu pouco, cerca de US$ 175 milhões, mesmo assim ajudou a derrubar a moeda num dia que começou muito ruim. A moeda chegou a saltar de manhã 2,29%, depois de divulgado o déficit de US$ 518 milhões registrado pela balança comercial em janeiro, o primeiro desde março de 2001, mês em que o saldo foi negativo em US$ 274 milhões.