Incrustado entre Espanha e França, países duramente castigados pelo novo coronavírus, o pequeno principado de Andorra tenta dar a volta na pandemia com o ambicioso plano de testar toda a sua população. E duas vezes. Com isso, o governo busca detectar a presença anticorpos do Covid-19 em seus 77 mil habitantes para entender melhor o avanço da doença e isolar também os pacientes assintomáticos.
A maratona de Andorra para tornar-se referência mundial –superando a Islândia, que testou 13% de sua população — começou nesta segunda-feira, com 150 mil doses encomendadas à Coreia do Sul. Os moradores chegam de carro a um estacionamento, onde estão montados os centros de análise denominados Stop Labs.
Voluntários extraem uma pequena amostra de sangue do dedo para a detecção de imunoglobulina G, que indica se a pessoa já teve o vírus, e a imunoglobulina M, o marcador para a fase aguda da doença. O resultado sai em poucos minutos sem que o paciente precise sair do carro.
Se o resultado for positivo, ele é submetido a um exame mais definitivo, o PCR, para identificar se a doença está ativa e precisa ser isolado. Quinze dias depois, todos são novamente testados. Dessa forma, as autoridades de saúde pretendem ter assegurado o controle da imunidade de sua população em relação ao Covid-19.
Sexta menor nação da Europa, o microestado localizado nas montanhas dos Pirineus vive essencialmente do turismo e recebe 10 milhões de visitantes por ano, em busca de estações de esqui e compras sem impostos. A previsão é de que a pandemia causará a redução de 5% no PIB e fará com que o governo do principado emita 125 milhões de euros.
Embora registrasse até a última segunda-feira 750 casos do novo coronavírus, com 45 mortos, Andorra aparece entre os países com alto índice de letalidade per capita do mundo — 595 mortes para cada milhão de habitantes. Supera inclusive a vizinha Espanha, que, apesar de 25 mil mortos, registra o índice de 553 vítimas por milhão, segundo o portal Worldometer.
Quando o governo anunciou a proposta de testes em massa, a população rapidamente aderiu, desmentindo as críticas de opositores de que a iniciativa violaria direitos dos cidadãos e seria ineficaz.
Não há obrigatoriedade, mas 63 mil se inscreveram no programa, num esforço coletivo para conter o avanço da pandemia. A eficiência do plano, contudo, só poderá a ser comprovada após o dia 25, quando termina a segunda fase dos testes e os andorrenses saberão se foi realmente possível estabelecer uma fronteira segura contra o vírus.