O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, assegurou ontem que gostaria de entrar para a história como o primeiro presidente brasileiro a emprestar “alguns reais” ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ao qual o G20 decidiu conceder recursos adicionais.
“Gostaria de entrar para a história como o presidente que emprestou alguns reais ao FMI”, ironizou Lula em uma entrevista coletiva à imprensa na embaixada do Brasil em Londres, após a reunião do G20, ao ser perguntado sobre a quantidade de dinheiro que seu país estaria disposto a conceder ao Fundo.
“Em minha juventude, carreguei faixas em São Paulo que diziam ‘fora FMI’, (mas) o Brasil não quer se comportar como um país pequeno”, explicou, sem dar números, ao lembrar que, no passado, o Brasil pediu ajuda à instituição financeira e que as condições às quais estava submetido eram impopulares. “A contribuição do Brasil será na forma de empréstimos (ao FMI) que não diminuam nossas reservas” e “que serão concedidos a países pobres, sobretudo, da América Latina”, afirmou Lula.
Já o ministro da Fazenda Guido Mantega disse que o montante da participação brasileira será divulgado “nos próximos dias”.
Lula elogiou a reunião de ontem do G20 dizendo que foi a primeira da qual participou em que houve igualdade de condições entre emergentes e desenvolvidos no G20.
“Foi a primeira reunião de que participei na qual os países desenvolvidos estiveram em igualdade de condições com os países em desenvolvimento”, declarou Lula depois do final da cúpula. “Hoje foi um momento muito importante para a história mundial.”
Igualdade
Segundo Lula, essa reunião de Londres foi diferente das anteriores “porque ninguém chegou sabendo tudo, como se os outros não soubessem nada”.
“Com a crise, muitas coisas mudaram porque os países que a causaram ainda não mediram todos os prejuízos que sofreram, porque ninguém sabe seguramente o que deve ser feito”, ressaltou o presidente.
Nos últimos meses, Lula lembrou várias vezes que a crise havia nascido nos países ricos.
O Brasil não tem intenção de buscar recursos do FMI, afirmou Lula. “O que eu posso dizer com muito orgulho é que o Brasil não precisa de dinheiro do FMI hoje”, disse Lula a jornalistas, ao ser questionado sobre uma linha de crédito do Fundo para o México anunciada nesta semana.
O presidente acrescentou que o Brasil está atualmente numa posição de emprestar dinheiro ao FMI, mas a quantidade não está decidida.