Senado: prisão especial só para quem corre risco de vida na cadeia
2 de abril de 2009Comissão da crise financeira ouve economistas
6 de abril de 2009Todas as empresas brasileiras que tiverem subsidiárias nos Estados Unidos ou emitiram títulos que circulam no mercado americano vão se beneficiar das novas regras de marcação a mercado de títulos, aprovadas ontem pela Financial Accounting Standards Board (FASB). As regras do FASB são de aplicação “mandatória” nos Estados Unidos, disse o diretor de pesquisas da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Nelson Carvalho.
Já os balanços feitos no Brasil, assim como nos 130 países que aderiram à International Financial Reporting Standards (IFRS), seguem as normas do International Accounting Standards Board (IASB), que também está reavaliando as normas contábeis em função da crise internacional.
Imagina-se, porém, que o IASB já esteja sob enorme pressão para seguir a decisão do FASB. É que as empresas americanas, especialmente os bancos, ganharam com a nova regra uma grande vantagem em relação aos concorrentes de outras partes do mundo. Calcula-se que o lucro dos bancos americanos, por exemplo, vai subir 20% no primeiro trimestre em função da mudança de critério. Do outro lado, porém, estão os grupos que consideram a mudança na regra de marcação a mercado prejudicial à transparência dos balanços
Uma decisão do IASB só é esperada na primeira semana de julho, disse Carvalho, que é um dos 20 membros do Grupo Consultivo da Crise Financeira, criado pelo FASB e IASB em dezembro exatamente para reavaliar a normatização contábil de modo a restaurar a confiança nas demonstrações financeiros entre os investidores.
Dois pontos preocupam especialmente o IASB e estão sendo avaliados pelo grupo de elite: como avaliar ativos em mercados ilíquidos e como contabilizar ativos fora de balanço (“off balance sheet”).
O grupo teve a primeira reunião em janeiro e, desde então, vem se encontrando mensalmente. No dia 20 deste mês, será a quarta reunião. O compromisso é concluir o relatório de recomendações a tempo de divulgá-lo na primeira semana de julho.
Carvalho lançou alguma luz sobre os caminhos do debate. O especialista disse que a decisão do FASB não prejudica a transparência do mercado porque a empresa terá que deixar bem claro no balanço quais são os ativos cujo valor não será marcado a mercado e comprovar que tem capacidade para carregá-los até o vencimento.
Para ele, o receio de que a nova norma prejudique a transparência “é uma miopia dos que querem mais comando normativo. Sou radicalmente contra o excesso de regulamentação, que apenas incentiva a burla. Foi por esse motivo que tivemos a Enron. O melhor árbitro é o mercado”.
