O Ministério de Relações Exteriores divulgou ontem nota em que manifesta “preocupação” com o discurso feito na segunda-feira pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, durante a Conferência de Revisão de Durban sobre Discriminação Racial, em que ele chama o governo de Israel de racista e diminui a importância dos acontecimentos do Holocausto.
“O governo brasileiro tomou conhecimento, com particular preocupação, do discurso do presidente iraniano que, entre outros aspectos, diminui a importância de acontecimentos trágicos e historicamente comprovados, como o holocausto. O governo considera que manifestações dessa natureza prejudicam o clima de diálogo e entendimento necessário ao tratamento internacional da questão da discriminação”, afirma a nota.
O documento afirma que o governo irá aproveitar a visita do presidente do Irã ao Brasil, prevista para o dia 6 de maio, para reiterar suas opiniões sobre o tema. Na segunda-feira, representantes dos países europeus que participam da conferência, em Genebra, deixaram a reunião durante o discurso do presidente iraniano.
Ontem, delegados presentes à conferência da ONU boicotada pelos Estados Unidos aprovaram uma declaração antirracismo, à medida que buscaram reduzir o impacto do constrangimento provocado pelas declarações do presidente do Irã. O texto, que “reitera” um polêmico documento de 2001 que se refere seis vezes a Israel e ao Oriente Médio, foi aprovado por consenso e sem debate em sessão pública, muito antes do final da conferência de uma semana de duração. Oito países estão boicotando a Conferência, além dos EUA: Israel, Canadá, Austrália, Alemanha, Itália, Holanda, Polônia e Nova Zelândia.