Em cinco anos, a China enterrou sua política do filho único, passando a autorizar famílias a terem até três filhos. Confira abaixo uma cronologia de quatro décadas de política familiar no país mais populoso do mundo.
No final da década de 1970, os dirigentes chineses descobriram, para sua surpresa, que a população do país estava perto de 1 bilhão de habitantes, quase o dobro de 1949, quando os comunistas chegaram ao poder (969 milhões em 1979, contra 540 milhões, 30 anos antes).
Em resposta, o homem forte do regime, Deng Xiaoping, impõe a \”política do filho único\”, que prevê pesadas multas para seus infratores, embora inclua exceções para as minorias étnicas, ou famílias de camponeses, se seu primeiro filho tiver sido uma menina.
O número de nascimentos está diminuindo: a taxa de fertilidade (o número de filhos para cada mulher em idade reprodutiva) cai para 1,6 no final da década de 1990, ante 5,9, em 1970. Pequim afirma que, graças à sua política, 400 milhões de nascimentos foram evitados.
Esta política foi muito criticada, porém, pelos abortos e pelas esterilizações forçadas, assim como pelas consequências que teve na evolução sociológica do país: a geração dos \”pequenos imperadores\” cresceu sem saber o que é ter um irmão, ou uma irmã, primos, tios e tias.
– Primeira abertura –
Apesar do risco de envelhecimento de sua população, o regime comunista hesita na hora de liberalizar sua política, por medo de provocar uma explosão populacional. Ao final, em 2013, autoriza casais, cujos dois componentes sejam filhos únicos, a terem dois filhos.
Dois anos depois, porém, apenas 1,45 milhão de casais haviam se inscrito para ter um segundo filho, ou seja, apenas 15% da população que poderia se beneficiar da medida.
– Dois filhos para todos –
Em 2016, Pequim decide autorizar que todos os casais pudessem ter dois filhos. Mas o custo da educação é alto, os apartamentos são pequenos e, com a evolução do estilo de vida e dos costumes, os chineses estão cada vez mais se casando mais tarde e se divorciando mais. A taxa de natalidade não decola.
No ano passado, o número de nascimentos caiu para 12 milhões, seu nível mais baixo desde 1961.
– Três filhos por família –
Em 31 de maio de 2021, o Partido Comunista anuncia que as famílias poderão ter três filhos, três semanas após a publicação do censo decenal (2020). O documento revelou um rápido envelhecimento da população.