No dia em que surpreendentemente a agência de classificação de risco Fitch Ratings elevou a nota do Brasil de “BBB-” para “BBB”, o segundo nível de grau de investimento, as reações do mercado foram diversas, mas a maioria recebeu a notícia com otimismo. O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que a mudança deve trazer mais dólares ao País, mas comemorou a decisão da agência. “‘É o reconhecimento de que a economia brasileira está cada vez mais sólida e não apresenta riscos”, disse. Ele afirmou ainda preferir um excesso de dólares trazidos ao País do que a falta, como acontecia há alguns anos.
A Fitch justificou sua decisão dizendo que a taxa de crescimento potencial sustentável da economia brasileira aumentou para 4% a 5%, o que melhora a perspectiva fiscal a médio prazo. Um dos primeiros setores que devem aproveitar esta mudança de patamar do País é o bancário. Esta semana, o Banco do Brasil deve anunciar a compra de uma rede de agências na Flórida, nos Estados Unidos, que voltou a ser o grande destino de investimentos brasileiros diretos no exterior.
De acordo com dados do Banco Central de fevereiro de 2011, o total de investimentos diretos do Brasil no exterior foi de US$ 8,387 bilhões. Deste total, 42,5% são do setor financeiro e 19,6% são direcionados aos Estados Unidos.
“O BB crescia de maneira orgânica. Agora não há mais tempo para construir o seu banco e, por isso, começa a adquirir”, pontua Felipe Mendes Borini, professor de mestrado em Gestão Internacional da ESPM. Ele acredita que em breve o Itaú Unibanco também fará movimentos em direção ao mercado norte-americano. O especialista acredita que a combinação de preços baixos das instituições daquele país com o início da recuperação da economia, além do bom momento do Brasil, formam a combinação perfeita para a entrada mais maciça de bancos brasileiros naquele mercado.
Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e no mercado de câmbio, o impacto da elevação na nota brasileira só não foi maior por causa da preocupação dos investidores com a alta da inflação. Mesmo assim, o Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, terminou em alta de 0,63%, aos 69.703 pontos. Com isso, a Bolsa reverteu o sinal do acumulado no ano, e agora acumula alta de 0,58%.
Já o dólar registrou uma leve queda, de 0,19%, e fechou a R$ 1,609%. Especialistas afirmam que a tendência de médio prazo é que a moeda norte-americana continue em baixa.