O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de dezembro,
ao crescer 0,57% ante novembro, trouxe duas importantes mensagens,
segundo o economista-chefe da Bradesco Asset Management (Bram), Fernando
Honorato Barbosa: que a recuperação da atividade econômica no quarto
trimestre do ano passado não era exuberante e que o pior momento da
atividade brasileira estacionou em outubro de 2011.
É por essa razão que ele trabalha com uma taxa de crescimento zero do
Produto Interno Bruto (PIB) para o último trimestre de 2011. “É a cara
do Brasil em 2011, e eu atribuo 70% da desaceleração econômica no ano
passado aos apertos decorrentes das medidas macroprudenciais, juros e
política fiscal.”
Na opinião de Barbosa, o IBC-Br marca o fim do pior momento da
atividade econômica brasileira e aponta para uma taxa de crescimento
maior para a frente.
Partindo de uma avaliação do IBC-Br de dezembro para a frente,
Barbosa calcula que o indicador de atividade do BC carrega para o PIB do
primeiro trimestre de 2012 um efeito estatístico (carry over) de 0,8%.
Assim, o economista espera crescimento de 0,9% da economia no acumulado
do primeiro trimestre.
No segundo trimestre, o PIB deverá crescer 1,4%. Para o ano cheio, a
Bram trabalha com crescimento de 3,3%. “O que veremos a partir do
primeiro trimestre deste ano é a reversão dos efeitos das medidas de
contenção do crescimento adotadas no passado, com juros caindo,
macroprudenciais mais frouxas e política fiscal neutra em relação a
2011”, prevê o economista. Pesa ainda neste ano a favor de taxas
trimestrais de expansão do PIB, de acordo com Barbosa, o aumento de 14%
do salário mínimo concedido em janeiro.
Já o economista e sócio da MCM, Antônio Madeira, atribui a alta de
0,57% calculada pelo IBC-Br à melhora do desempenho da indústria e do
varejo em dezembro. O resultado veio dentro do que a consultoria
esperava, que era de 0,6%, o que não alterou a previsão de alta do PIB
de apenas 0,2% no quarto trimestre e manteve a projeção de crescimento
de 2,8% em 2011.
Para janeiro, Madeira prevê que o IBC-Br poderá apresentar resultado
muito próximo de dezembro, por causa da continuidade da recuperação da
economia. Nesse contexto de melhora do nível de atividade, ele também
acredita que o setor manufatureiro e as vendas do varejo devem continuar
respondendo de forma positiva aos estímulos do governo, como a redução
dos juros pelo Banco Central e o corte do IPI para a aquisição de
produtos da linha branca ocorrido no fim do ano passado.
Na avaliação do especialista, o cenário para 2012 do nível de
atividade indica alta do PIB de 3,2%, pouco maior do que em 2011. Como
ele prevê que o IPCA não deve repetir os 6,5% no ano passado – embora
ainda fique acima da meta de 4,5%, pois deve atingir 5,5% -, ele não vê
muito espaço para que o BC continue baixando os juros neste ano. Na sua
avaliação, a Selic deve chegar a 9,5% em 18 de abril e permanecer assim
até o fim de 2012. “A situação da economia neste ano deve ser melhor,
mas a inflação requer cuidados.”
Aceleração
Na opinião de Flavio Serrano, economista-sênior do Besi Brasil, a
variação de 0,57% de dezembro do IBC-Br mostra que a economia brasileira
recuperou a tração no quarto trimestre do ano passado e, sobretudo,
amplia a probabilidade de aceleração da trajetória nos próximos meses.
Para o período de outubro a dezembro de 2011, a expectativa do
economista é de que o PIB tenha crescido 0,4%. Para o primeiro trimestre
deste ano, a projeção do Besi é de uma expansão de 0,8% e crescimento
de 3,5% acumulado de 2012.
O bom desempenho do IBC-Br em dezembro, de acordo com Serrano,
reflete o crescimento de 1,6% no indicador de vendas do varejo ampliado
em dezembro do ano passado comparado a novembro e a expansão de 0,9% da
produção industrial, na mesma base de comparação.
O resultado do IBC-Br ficou de acordo com a projeção do departamento
econômico do Besi Brasil, de alta de 0,6%. O economista avalia ainda que
o Copom parece estar inclinado a aumentar os estímulos monetários nos
próximos meses. “Mantemos nossa previsão de que a inflação deve
desacelerar no curto prazo, impulsionado por efeitos temporários, mas
com tendência de aumento no longo prazo.”