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18 de abril de 2024O dólar opera em alta nesta terça-feira (22) e passa a máxima histórica de R$ 4. A alta vem na esteira das preocupações do mercado com votações no Congresso e com a possibilidade de o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, elevar os juros este ano.
Às 10h50, a moeda norte-americana tinha alta de 1,522%, vendida a R$ 4,0415. Veja a cotação
A cotação desta terça é a mais alta já registrada desde a criação do real. Em 10 de outubro de 2002, o dólar chegou a ser vendido a R$ 4 durante o pregão, mas desacelerou a alta e fechou naquele dia a R$ 3,98.
A moeda norte-americana também tem forte alta contra as principais moedas emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
Nas casas de câmbio, a disparada do dólar já mostra seus reflexos. Na manhã desta terça-feira, a cotação chegava a R$ 4,50 no cartão pré-pago, com o IOF de 6,38% incluído, na Confidence Câmbio. Em espécie, a moeda sai por R$ 4,27. Na cotação, o dólar chegava a R$ 4,489 no cartão e a R$ 4,276 em espécie (ambos com imposto incluído). Na Vips Turismo, os valores eram de R$ 4,22 e R$ 4,45, respectivamente.
A disparada do dólar freia os gastos dos brasileiros no exterior. Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo BC, essas despesas caíram 46,2% em agosto, frente ao mesmo mês do ano anterior, para US$ 1,26 bilhão.
A partir das 19h desta terça-feira, o Congresso Nacional se reúne para decidir se mantém ou rejeita vetos da presidente Dilma a projetos que geram despesas e integram a chamada “pauta-bomba”. Alvo de grande preocupação do governo, eventual derrubada dos vetos vai anular quase todo o esforço de corte de gastos que o governo anunciou como parte do pacote de ajuste fiscal – R$ 26 bilhões – dificultando ainda mais o reajuste das contas públicas e alimentando apostas de que o país pode perder o selo de bom pagador por outras agências de classificação de risco além da Standard & Poor’s.
“Essas dificuldades que o governo enfrenta no Congresso deixam o país quase ingovernável do ponto de vista fiscal”, disse o operador da corretora SLW, João Paulo de Gracia Correa.
Os mercados temem ainda que o Fed eleve as taxas de juros dos Estados Unidos. A elevação da taxa, mantida nas mínimas históricas desde a crise financeira internacional, deverá atrair recursos para os EUA, retirando dólares do Brasil – e incentivando a alta na cotação da moeda.
O dólar subia globalmente após declarações de uma série de integrantes do Federal Reserve, banco central norte-americano, ressaltarem que podem dar início ao aperto monetário ainda neste ano, após postergar na semana passada esse movimento em meio a preocupações com a economia global.
Na segunda-feira, o Banco Central fez um leilão de venda de US$ 3 bilhões com compromisso de recompra. Mas a medida não foi suficiente para interromper a alta na cotação do dólar frente ao real: a moeda terminou o dia em alta de 0,57%, vendida a R$ 3,9809. No mês e no ano, há alta acumulada de 9,75% e 49,73%, respectivamente.
O salto da moeda dos EUA alimentava nas mesas de câmbio que o Banco Central pode ampliar ainda mais sua intervenção, uma vez que cotações mais altas tendem a pressionar a inflação. Na véspera, o BC realizou leilão de venda de dólares com compromisso de recompra, mas o dólar ainda marcou o segundo maior fechamento contra o real na história. E não anunciou leilão de linha para esta sessão até o momento.
“(Resta) ao BC achar alguma saída para conter a desvalorização do real, pois leilão de linha não faz mais preço”, escreveu o operador da corretora Correparti, em nota a clientes, Guilherme França Esquelbek.
O BC dá continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, com oferta de até 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.
Segundo dados do boletim Focus, do Banco Central, a estimativa dos analistas dos bancos é que a valorização do dólar perca força. A projeção do mercado financeiro é que a taxa de câmbio chegue ao final do ano em R$ 3,86 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio subiu de R$ 3,80 para R$ 4.