JUSTIÇA DE SÃO PAULO DETERMINA QUE O MUNICIPIO AUTORIZE A EXPEDIÇÃO DE NOTAS FISCAIS ELETRÔNICAS.
9 de fevereiro de 2024Por que Rússia deve crescer mais do que todos os países desenvolvidos, apesar de guerra e sanções, segundo o FMI
18 de abril de 2024O crescimento menor da economia brasileira criou um desequilíbrio no sistema de crédito, com a concentração da expansão dos empréstimos no setor público e em linhas direcionadas, como a rural e a imobiliária. Na outra ponta, indústria, comércio e serviços vêm evitando tomar crédito.
Bancos públicos concentram maior parte das operações
Com crescimento de 1,6% nos empréstimos em setembro, contra 0,8% dos bancos privados, as instituições financeiras da União concentram a maior parte da concessão de crédito, com estoque de R$ 1,543 trilhão, o equivalente a 53% do mercado.
Segundo o economista da Universidade Federal do Paraná (UFPR) José Guilherme Vieira, enquanto os privados têm um comportamento conservador, os bancos públicos preenchem o espaço, pois podem assumir um risco maior. “A pesar da expansão dos estoques, a seleção tem sido boa, pois não houve crescimento no índice de inadimplência”, diz.
Para Fábio Bentes, a expansão do crédito público estimula as pessoas a se endividarem ainda mais e anula o trabalho de controle da inflação. “Controlar inflação expandindo crédito é o mesmo que acelerar o carro com o freio de mão puxado.” Segundo ele, o ideal seria um equilíbrio maior entre bancos públicos e privados.
Até o fim de setembro, o saldo de operações de crédito no país cresceu 6,8%, segundo relatório do Banco Central. O maior crescimento no período de janeiro a setembro foi no crédito imobiliário, com expansão de 20%, seguido pelo setor público (alta de 22,8%) e pelo crédito rural (13,8%). O saldo de empréstimos tomados pela indústria, por sua vez, cresceu apenas 2,9% no período, seguido pelo setor de serviços (alta de 1,3%). O comércio foi o único segmento com saldo negativo, de 0,1%.
O resultado da busca por crédito é um resumo da situação da atividade econômica em 2014. Empresas privadas que dependem de um cenário de longo prazo para investir estão evitando aumentar suas dívidas à espera de uma sinalização de melhora na perspectiva de crescimento na economia. Segundo o último boletim Focus, a estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 0,24% para 0,20% em 2014.
A maior demanda dos setores imobiliário e rural é explicada pelo fato de as taxas de juros serem controladas pelas políticas do governo federal. Esse crédito direcionado não é afetado diretamente pelo aumento da taxa básica de juros (Selic). Já a busca maior por crédito pelo setor público, que envolve União, estados, municípios e estatais, é influenciado pelo ciclo eleitoral, período em que normalmente crescem os gastos com obras.
A aversão ao crédito demonstrada pelo setor empresarial reflete a desconfiança na economia. O Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec) é o menor desde 2011, com queda de 11,1% em relação a outubro de 2013. Após nove meses em queda, o Índice de Confiança da Indústria (ICI), da Fundação Getulio Vargas, avançou 1,8% em outubro, marcando 82,6 pontos, mas ainda passa longe do otimismo, pois índices abaixo de 100 indicam pessimismo da maioria dos entrevistados.
Segundo Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional de Comércio (CNC), a elevação da Selic a 11,25% ao ano foi um balde de água fria. “Os empresários não estão animados em investir. Por um lado, o crédito está caro; por outro, há incerteza se os investimentos terão retorno. Cautela é a palavra de ordem. 2014 não vai deixar saudade”, diz.
O início de 2015 não deve trazer grandes mudanças. “A dúvida permanece. As empresas fazem seus planos de negócios a partir do perfil do novo ministro e suas medidas. Elas destravam a economia”, diz o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
A expansão do crédito para o setor público é mais um sintoma de desajuste nas contas públicas, com déficit superior a R$ 15 bilhões entre janeiro e setembro. “Quando o governo faz desoneração fiscal perde o fôlego de investimento em algumas áreas, gerando necessidade de tomada crédito no mercado financeiro”, explica Alex Agostini, da Austin Rating.
O Conselho Monetário Nacional lançou uma norma que separa a União das estatais na tomada de crédito, ampliando o acesso das últimas a empréstimos. Antes, os bancos tinham o limite de 25% de seu patrimônio de referência para conceder ao setor público. Com a nova resolução, as estatais podem ser tratadas como um cliente normal e pegar mais recursos emprestados.