O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos tenta garantir uma participação maior dos fundos de alto risco e de investidores privados no programa de compra de ativos “podres” (de alto risco de calote) proposto pelo governo para ajudar a economia do país a voltar sair da recessão e voltar a crescer.
Nesta segunda-feira o departamento anunciou que estenderá o prazo para adesão e relaxará os critérios para que empresas que tenham ao menos US$ 10 bilhões em capital sob administração possam participar. O Tesouro informou que a parceria público-privada, cujo objetivo é limpar os “papéis podres” dos balanços dos bancos, também está aberta a investidores privados.
O novo prazo para que fundos privados e empresas anunciem seu interesse em participar do programa foi prorrogado até o dia 24 de abril. Em estimativas divulgadas no lançamento do programa, no começo de março, o governo previa que a medida poderia mobilizar ao menos US$ 500 bilhões para a compra desse tipo de título.
Para analistas, esses ativos ruins podem ser a principal causa da falta de crédito. A avaliação é de que os bancos são obrigados a segurar o dinheiro para repor o capital perdido e deixam de dispor empréstimos aos consumidores.
O próprio governo americano reconhece o problema dos papéis podres no setor bancário. “Tais ativos criam incerteza sobre os balanços das instituições financeiras, comprometendo a capacidade delas de levantar capital e a disposição em ampliar os empréstimos”, explica o Tesouro em nota.
Sobre a precificação dos papéis, o governo vai realizar leilões entre os bancos que estão vendendo esses ativos e os investidores interessados, na expectativa de criar um fluxo de mercado. Só após uma avaliação da eficácia do programa é que o governo vai considerar empregar mais dinheiro.
“Para reduzir a probabilidade de que o governo pague um preço alto por esses títulos, os investidores do setor privado, competindo uns com os outros, vão estabelecer os preços dos empréstimos e dos papéis comprados”, afirmou o Departamento do Tesouro em nota.
A medida deve ajudar a sanear os balanços das instituições bancárias americanas, que já sofreram perdas bilionárias desde o colapso do mercado de papéis lastreados em hipotecas subprime (de maior risco), que acabou por afetar o mercado de crédito de modo geral. Em troca da participação do setor privado na proposta, o governo deve oferecer garantias para reduzir o risco dos investidores.