Os credores internacionais aliviaram os termos do pacote de resgate ao Chipre ao concederem um ano a mais para que o país alcance suas metas orçamentárias, segundo um rascunho do acordo.
Países da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmam que o Chipre terá que atingir um superávit orçamentário primário de 4% até 2017, ante o prazo de 2016 definido anteriormente, uma vez que o choque da crise bancária do país deve levar a economia cipriota à recessão. Este ano, o Chipre deve registrar um déficit orçamentário primário – que representa o resultado das finanças do governo antes do pagamento de dívidas – equivalente a 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Colocar as finanças públicas em um caminho sustentável é de extrema importância para estabilizar a economia e restaurar a confiança das empresas, cidadãos e investidores estrangeiros nas perspectivas econômicas de longo prazo do Chipre”, diz o rascunho do acordo, obtido pelo Wall Street Journal.
O Chipre prometeu executar uma longa lista de reformas, cortes de gastos e aumentos de impostos em troca de 10 bilhões de euros (US$ 12,8 bilhões) para evitar um default, incluindo uma drástica reforma em seu enorme setor bancário. Sob os termos do acordo, o Chipre fechou seu segundo maior banco, o Banco Popular do Chipre, também conhecido como Laiki, e está movendo ativos saudáveis para o Banco do Chipre, o maior da ilha.
O banco central do país afirma que os depositantes com mais de 100 mil euros no Banco do Chipre podem perder entre 40% e 60% do seu dinheiro, enquanto os depositantes não segurados do Laiki devem ter somente um quinto do seu dinheiro devolvido. O governo estima que 19 mil correntistas do Banco do Chipre serão afetados, muitos dos quais analistas acreditam serem indivíduos russos e pequenas e médias empresas.
A corrida do Chipre para evitar um colapso financeiro resultou no fechamento temporário do seu setor bancário e na imposição de controles de capital na semana passada. As manobras quebraram a confiança na indústria bancária da ilha e intensificaram questões sobre seu futuro dentro da zona do euro.
Os economistas agora cortam suas previsões para a pequena economia de 17,5 bilhões de euros. Até a semana passada, as projeções eram que a economia encolhesse 3,5% este ano. Alguns agora preveem que o choque ao setor financeiro do Chipre, que representa cerca de metade da atividade econômica do país, vai enterrar a economia em uma recessão profunda este ano, impedindo o governo de atingir suas metas orçamentárias. Muitos economistas do setor privado afirmam que a contração da economia cipriota pode chegar a dois dígitos este ano.
Com as autoridades cipriotas na expectativa de fechar o acordo com credores internacionais nos próximos dias, o porta-voz do governo, Christos Stylianides, afirmou nesta segunda-feira que o Chipre quer negociar ainda mais os termos para flexibilizá-los, visando empurrar a meta orçamentária para 2018. As informações são da Dow Jones.