As operações de swap cambial reverso – que equivalem à compra de dólares pelo Banco Central (BC) no mercado futuro e cujo objetivo é tentar conter a pressão de valorização do real – já causaram perdas ao BC de R$ 1,24 bilhão neste ano. Esse resultado negativo foi obtido com os ajustes diários dos swaps em mercado, cujo estoque está em US$ 11,48 bilhões.
Desde que voltou a colocar swaps reversos, o BC só teve ganho no mês de janeiro, e de apenas R$ 12 milhões. Em fevereiro e março, a autoridade teve de pagar ao mercado R$ 193 milhões e R$ 408 milhões, respectivamente. Em abril, até o dia 8, o prejuízo acumulado no mês já chegava a R$ 652 milhões, o que é coerente com o fato de nesse período o dólar ter experimentado um movimento de queda maior ante o real, rompendo até mesmo o piso informal de R$ 1,60.
Para Flávio Serrano, economista do BES Investimento, a questão do custo do swap tem de ser olhada com cuidado porque de uma hora para outra o dólar pode mudar de direção e o governo passará a ter ganho. Isso ocorreu, por exemplo, no fim de 2008. Ele avalia também que o custo deve ser avaliado em razão dos benefícios que essa política eventualmente traz.
Na visão de Serrano, contudo, o swap não tem grande eficácia como instrumento para conter o processo de alta do real ante o dólar, pois apenas reduz pressões de curto prazo de valorização provocada por operações no mercado futuro. “Não resolve o problema, não tem um efeito significativo na tendência do câmbio”, disse o economista, que preferiria ver o câmbio flutuar mais livremente, refletindo a situação da economia.
Desafio. Para o professor da PUC-SP e especialista em setor externo, Antônio Corrêa de Lacerda, o custo produzido pelas operações de swap apenas reflete a situação de uma economia que tem juros muito altos e, por isso, tem uma tendência de valorização de sua moeda mais acentuada. “O desafio está na política monetária”, disse o professor.
“O swap é um instrumento válido para atuação no mercado de câmbio, mas a luta é inglória por conta dos juros altos”, acrescenta Corrêa de Lacerda.
Uma fonte do governo argumentou que não se pode falar em prejuízo quando se trata de operações de swap, assim como não se pode falar disso nas compras de dólares no mercado à vista, já que essas operações não têm por objetivo gerar algum ganho financeiro. A visão é que esses são instrumentos de política econômica utilizados para diminuir pressões de valorização do real no mercado futuro e à vista. Para a fonte, o swap está funcionando a contento, dentro da estratégia de se atenuar o movimento de valorização do real.
Outro argumento é que, se houvesse algum objetivo financeiro fora da política econômica, o BC normalmente privilegiaria os swaps cambiais em detrimento das compras no mercado à vista. Isso porque, nos swaps, o BC tem remuneração vinculada à variação do dólar mais o cupom cambial (juro em dólar), enquanto na compra à vista a receita do BC é dada pela variação do câmbio mais a taxa Libor (uma das mais importantes taxas de juros no mercado internacional). Como a Libor tem sido bem menor do que o cupom cambial, a “perda” no swap, em tese, seria menor do que na compra à vista.