Estão surgindo detalhes sobre a maior suspeita de fraude bancário já registrada na China, depois que o ex-presidente do conselho de administração de uma companhia listada no Mercado de Investimento Alternativo de Londres compareceu perante um tribunal chinês, na semana passada.
Os promotores públicos da cidade chinesa de Guangzhou sustentam que Wang Shen, ex-presidente do conselho de administração da Canton Properties, destacada construtora no sul da China, obteve cerca de 4,8 bilhões de yuan (US$ 702 milhões) em empréstimos ilegais do Bank of Communications, uma instituição de crédito controlada pelo governo, na qual o banco HSBC detém 18,6%.
Wang, também conhecido como Keng Wong, foi o principal beneficiário dos empréstimos ilegais, que foram providenciados com a ajuda de um executivo destacado no BoComm e jamais colocados à disposição da companhia, alegam os promotores.
Liu Changming, o ex-presidente da matriz do BoComm em Guangzhou, fugiu do país logo depois que as autoridades iniciaram uma investigação no fim de 2007, segundo autoridades do Estado e pessoas familiarizadas com o caso.
Ele continua foragido apesar de haver um alerta global acionado por meio da Interpol para capturá-lo.
De acordo com pessoas familiarizadas com o caso, os empréstimos foram canalizados por meio de subsidiárias da Canton Properties sem o conhecimento dos acionistas, que foram informados de que a companhia não possuía nenhuma dívida bancária não paga.
Depois que Wang desapareceu em agosto do ano passado, a Canton Properties suspendeu as suas ações e a maioria dos membros do conselho de administração, incluindo sir David Brewer ex-Lord Mayor (espécie de prefeito nobre, com status de ministro, que dirige a City de Londres, o distrito financeiro de Londres), renunciou.
Os negócios com as ações ainda não foram reiniciados.
“Mais tarde descobrimos que Wang havia sido capturado, mas apenas recentemente descobrimos a verdadeira magnitude da suposta fraude”, disse Tony Knight, executivo-chefe da Canton Properties, que foi nomeado em fevereiro para tentar recuperar os investimentos dos acionistas estrangeiros.
O julgamento está sendo conduzido a portas fechadas, de acordo com a revista financeira chinesa “Caijing”, que diz que o caso envolve até 9,8 bilhões de yuan, três vezes a maior fraude bancária anterior reportada na China.
Apesar de metade do dinheiro ter sido recuperado, aproximadamente 4,6 bilhões de yuan ainda estão classificados pelo BoComm como empréstimos não pagos.
O BoComm disse ao “Financial Times” que a investigação estava prosseguindo por mais de dois anos mas que o banco não poderia comentar detalhes devido ao julgamento. Os executivos do HSBC disseram que desconheciam o caso.