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18 de abril de 2024O aperto monetário que o Copom do Banco Central irá sinalizar hoje poderá ser mais curto e menos intenso do que estava sendo projetado por operadores e analistas do mercado. Como a China, o Brasil precisa evitar o superaquecimento econômico, mas não pode carregar na mão a ponto de imolar crescimento desnecessariamente. A ficha pode ter caído ontem no mercado futuro da BM&F, tanto é que a curva futura de juros descreveu um movimento raro nos últimos meses, corcoveante e não linear: enquanto os contratos mais curtos subiram, os longos caíram. A taxa para o final do ano subiu de 10,37% para 10,40%, enquanto o contrato para a virada de 2011 para 2012 cedeu de 11,81% para 11,76%.
O pregão de DI futuro estaria vendo um canal de alta de curta extensão e inclinação, capaz de amordaçar o soluço inflacionário denunciado pela inflação corrente e as expectativas de IPCA para o ano. Se a magnitude do aperto não totalizar os quatro pontos percentuais estampados na estrutura a termo da taxa de juros, a taxa dos contratos longos estará em sérios apuros. É por isso que os vencimentos mais longínquos já começaram a cair. E um arrocho de intensidade moderada não precisaria ser detonado logo na segunda reunião do ano do Copom, agendada para 17 de março.
Há uma outra razão para o Copom só desencadear o ciclo de altas da Selic na terceira reunião do ano, a marcada para 28 de abril: livraria o presidente Henrique Meirelles do ônus político de ter deixado o BC logo em seguida à primeira alta de juros depois de oito meses de estabilidade da Selic em 8,75%. Para o seu currículo de candidato, raciocinam os analistas, talvez fosse importante sair do BC como o homem que fez o mais radical ciclo de cortes da Selic, de 13,75% para 8,75%. O presidente que conquistou o mais baixo juro nominal da história brasileira. Como no travesseiro da política a última impressão é a que fica, uma alta de juro em 17 de março – a última reunião do Copom a ser presidida por ele – não se coadunaria com suas pretensões eleitorais. Seria melhor que o Copom fizesse a alta somente em abril, depois que ele já tivesse saído da instituição com a dupla fama de rigoroso na combate à inflação mas “baixista” em termos de juros.
Nesta hipótese, o placar da reunião que terminará hoje no início da noite teria a mesma unanimidade pela manutenção da Selic em 8,75% dos três encontros anteriores. Se o aperto só será iniciado em abril, não faz sentido forjar um escore divergente hoje. O racha só teria lógica se a intenção fosse descongelar a Selic em 17 de março. Se o BC for subir o juro somente em abril, nem a nota pós-Copom, nem a ata precisam carregar na dramaticidade da questão inflacionária. Devem conter mudanças importantes em relação aos documentos pretéritos, mas nada muito grandiloquente. A economista Inês Filipa, da ICAP Brasil, só mudará a sua projeção de primeira alta da Selic, de 0,25 ponto, na reunião de julho se a ata alterar a avaliação quanto à margem de ociosidade dos fatores de produção, observar aceleração da demanda ou avaliar que as perspectivas para a inflação em relação à trajetória de metas não são favoráveis. Com essas mudanças, o BC estaria indicando sua vontade de aumentar a taxa ao longo do primeiro semestre. Com isso, “evitaria uma deterioração das expectativas”, diz Filipa.
Não seria estranho o BC brasileiro desfechar um aperto monetário em meio a uma certa turbulência nos pregões globais. Afinal, a alta do dólar e a queda da bolsa refletem o mesmo movimento de recuo das commodities. E estas caem por causa do arrocho chinês. O governo de lá parece ter a mesma preocupação do BC daqui: evitar uma aceleração econômica excessiva. O dólar, ao subir 0,87%, cotado a R$ 1,8360, registrou ontem a sua sexta alta consecutiva frente ao real. Valorizou-se nesse período 3,9%. O cenário externo de incerteza recebeu a ajuda da agência de classificação de risco Standard & Poor´s. Audaciosamente, alertou que poderá rebaixar o rating de crédito soberano do Japão.
Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Investimentos, observa que o mercado vive hoje uma “síndrome de abstinência antecipada” frente à retirada dos estímulos fiscais e monetários. “Só foi a China anunciar uma postura mais cautelosa em relação ao crédito em seu país – e indicar um aumento do compulsório para enxugar o excesso de liquidez – para parte do mercado ficar vendida em atividade econômica e migrar para uma posição mais cautelosa”, diz ele. Os EUA parecem concentrados em si mesmos: indicadores positivos e tendência de recondução de Ben Bernanke a um segundo mandato no Fed. Por falar em retirada de estímulos, hoje, às 17h15, antes da nota do Copom, o Fomc deve colocar mais alguns adereços no cronograma pré-aperto.