Uma reunião entre 33 países latino-americanos ocorre a partir de amanhã na Bahia, ocasião na qual o Brasil tentará consolidar-se como líder da região. Trata-se da Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento (CALC), que ocorre entre amanhã à tarde e a quarta-feira, na Costa do Sauípe.
Antes da reunião, ocorrem encontros do Mercosul, Unasul (A União de Nações Sul-Americanas, que inclui também Bolívia, Chile, Peru, Colômbia e Equador) e do Grupo do Rio. As rodadas de encontros entre países começa hoje e só terminam na quarta-feira.
Dos países que vão participar da Cúpula, 29 serão representados por seus chefes de Estado. A CALC propõe um novo modelo de liderança para a região. A maioria das nações do continente estarão presentes, inclusive Cuba. As duas principais economias da região – Estados Unidos e Canadá – entretanto, desfalcarão a cúpula em solo baiano.
A proposta brasileira de liderar a região sofre os efeitos das recentes turbulências nas relações do Brasil com alguns de seus vizinhos. Um dos impasses é a decisão do presidente do Equador, Rafael Correa, de contestar pagamento de empréstimo de US$ 243 milhões, concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) relativo à construção da usina hidrelétrica de San Francisco. Correa pediu o apoio do presidente da Venezuela, Hugo Chaves, na discussão. A diplomacia brasileira já entrou em ação para evitar que as críticas de Correa não prejudiquem a reunião da CALC. Há também problemas com os constantes questionamentos do novo presidente do Paraguai, Fernando Lugo, sobre a usina de Itaipu.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a CALC promoverá discussões que deverão se concentrar nos temas relacionados à integração e à cooperação para o desenvolvimento sustentável da América Latina e do Caribe frente à crise financeira, energética e alimentar e à mudança do clima. A reunião nasce com a proposta de fortalecer diferentes iniciativas de integração já existentes. Em um cenário de crise econômica mundial, o Itamaraty destaca que a realização da Cúpula reflete \”a firme convicção entre nossos países de que o aprofundamento do diálogo e da cooperação regionais são imprescindíveis para a melhor inserção da região no sistema internacional.\” Antes da CALC, ocorre a 36ª Reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC), que já inicia hoje os seus trabalhos. Entre as propostas a serem avaliadas pelo grupo estão a criação do Fundo Mercosul de Garantias para Micro, Pequenas e Médias Empresas e do Fundo de Agricultura Familiar do Mercosul, a eliminação da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum e a distribuição da renda aduaneira e o Código Aduaneiro do Mercosul. Está prevista, ainda, a assinatura de um acordo comercial preferencial entre o Mercosul e a União Aduaneira da África Austral. Serão debatidas medidas de promoção e proteção social para combater os efeitos da crise financeira mundial na região.