O total de bens e serviços produzidos no Brasil em 2009 que não entraram nas contas oficiais do governo somaram R$ 578 bilhões,equivalente ao tamanho da economia argentina e a18,4% do PIB brasileiro. O indicador,conhecido como Índice da Economia Subterrânea, vem caindo desde o início da medição em 2003, quando registrou o patamar de 21% do PIB. Para2010, a tendência é de continuidade no movimento de queda tendo em vista o potencial de crescimento brasileiro acima de 7% neste ano.
O dado é elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), a pedido do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO). “É muito dinheiro que está à margem da economia formal brasileira e esse indicador é importante para revelar o tamanho do problema para o qual as políticas públicas são justificadas”,diz o presidente executivo do ETCO, André Montoro. “Se pensarmos em impostos, estamos falando de sonegação em torno de R$ 200 bilhões, muito acima dos estimados R$ 30 bilhões de investimento público federal em2010.”
O crescimento da economia em ritmo maior leva naturalmente a um aumento da formalização no país como um todo e conseqüente diminuição da atividade subterrânea. “Mas é preciso observar que a melhora na renda também faz crescer a demanda por consumo em todas as frentes, inclusive de produtos que estão no mercado informal”,diz Montoro.
Fatores como a modernização das instituições e maior abertura do país levam a uma tendência de diminuição do indicador.“Para competir é preciso investir e buscar crédito e isso não ocorre na informalidade.Além disso, a própria expansão do crédito, como o imobiliário,estimula a formalização”,diz o dirigente do Etco. Na contrapartida, alta tributação e excesso de burocracia são vistos como incentivos ao desenvolvimento da economia cinza.
Entre os impactos nocivos da permanência da informalidade no país, Montoro aponta a leniência em relação à sonegação e a perpetuação da cultura da transgressão. “Isso gera um mau ambiente de negócios no país e atrapalha investimentos.”