The Scariest Earthquake Is Yet to Come
15 de março de 2011Long Pause for Japanese Industry Raises Concerns About Supply Chain
17 de março de 2011Temor de impacto do Japão derruba valor dos principais mercados de ações mundiais
A tragédia que abala o Japão desde sexta-feira já levou a uma perda de US$1 trilhão no valor de mercado dos índices das principais bolsas dos Estados Unidos, da América Latina, da Europa e da Ásia. O montante é quase o mesmo da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa, com US$1,042 trilhão). Ontem, a soma do valor das ações das empresas que compõem esses índices mundiais era de US$36,103 trilhões, frente aos US$37,104 trilhões registrados na quinta-feira, antes do abalo no país asiático, segundo levantamento feito com base em dados da Bloomberg.
O agravamento da crise nuclear no Japão teve um efeito devastador nos mercados ontem. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, encerrou em queda de 10,55%, a maior desde outubro de 2008, tendo chegado a despencar 14% durante o pregão. As principais bolsas do mundo fecharam em baixa, e a cotação do petróleo recuou mais de 4%. Na abertura do mercado hoje, o Nikkei avançava 5,4%.
No Brasil, o Ibovespa, principal referência do mercado, chegou a cair 2,53% durante a manhã, sob o impacto das notícias do Japão, mas acabou fechando em queda de 0,24%, aos 67.005 pontos, influenciado pela melhora do mercado americano. A maior alta do índice foi a ação da Fibria, de 5,46%, a R$24,15, na expectativa de que o processo de reconstrução do Japão impulsione a demanda por celulose.
– Está ocorrendo uma repatriação de recursos de outros países para o Japão. Investidores, empresas e seguradoras estão retirando recursos de países onde estão seus investimentos e levando de volta para o Japão – afirma a economista da Lerosa Investimentos Alexandra Almawi.
Famílias japonesas investem no exterior
A valorização do iene desde o terremoto, segundo ela, já reflete este processo porque sinaliza a entrada forte de recursos no país.
Na avaliação do diretor-executivo do HSBC Global Asset Management, Pedro Bastos, deve haver repatriação de recursos de japoneses que estavam em mercados internacionais, mas ele acredita que ainda é cedo para avaliar se isso ocorrerá com força.
O HSBC tem hoje um patrimônio de US$2 bilhões em fundos de ações com papéis de empresas brasileiras no mercado japonês e de US$3,4 bilhões em fundos de renda fixa. No caso desses fundos, não houve mudança no padrão de resgate das aplicações desde o terremoto. Bastos não acredita que isso ocorra, diante da forte pulverização no varejo e do interesse dos japoneses por dividendos:
– As famílias japonesas tendem a diversificar seus investimentos fora do país. O sucesso dos fundos brasileiros pode ser explicado pelo enorme diferencial de juros, uma população envelhecida que busca aplicações com dividendos e a proximidade cultural pela imigração japonesa.
A Bolsa de Seul caiu 2,4%. Xangai recuou 1,41%, Hong Kong, 2,86%, e Taiwan, 3,35%. Na Europa, a maior queda foi em Frankfurt: 3,19%. Londres caiu 1,38%, e Paris, 2,51%.
Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 1,15%, e a Nasdaq, 1,25%. A aversão por risco fez os investidores buscarem títulos do Tesouro americano, cujo rendimento (inversamente proporcional a sua procura) recuou de 3,349% para 3,304%, no papel de dez anos. A queda não foi maior porque o BC americano divulgou nota otimista sobre a economia dos EUA.
O Tesouro americano informou ontem que, em janeiro, o Japão aumentou seu estoque dos papéis pelo oitavo mês consecutivo, para US$885,9 bilhões. Mas o mercado estima que o segundo maior detentor dos títulos (só perde para a China) deve vendê-los nos próximos meses para financiar a reconstrução do país.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, no entanto, disse não acreditar nessa hipótese:
– Não acredito. O Japão é um país muito rico, com uma elevada taxa de poupança e a capacidade de lidar tanto com o desafio humanitário como com o desafio da reconstrução.
