O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apoia “com entusiasmo” as normas internacionais de contabilidade e pretende ser pioneiro entre os órgãos públicos na adoção do novo padrão.
“O BNDES se associa aos esforços do Conselho Federal de Contabilidade e das instituições internacionais em favor da introdução do sistema IFRS [normas internacionais de informações financeiras, na sigla em inglês]”, disse ontem Luciano Coutinho, presidente do banco, em evento realizado em São Paulo.
Coutinho participou da “3ª Conferência Anual sobre Contabilidade e Responsabilidade para o Crescimento Econômico Regional na América Latina e Caribe (CReCER)”, onde falou sobre a parceria do setor público e privado para sustentar o crescimento.
Segundo Coutinho, o banco “tem se engajado nessa questão [da contabilidade], mandamos gente para treinar no exterior”, afirmou. “Queremos contribuir para a adoção de padrões de contabilidade de excelência”, disse. “Queremos a implantação do IFRS de uma maneira que o próprio BNDES seja um exemplo.”
Coutinho lembrou que a adoção do novo padrão, capitaneada pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), com sede em Londres, é uma tendência mundial. “É um sistema baseado não em regras, mas em conceitos, ética e fidedignidade”, afirmou. É por isso, disse, o esforço pela implantação do IFRS no Brasil, o que aumentará a confiança dos investidores no mercado de capitais do país.
“A minha presença [na conferência] em grande medida está relacionado ao empenho que empregamos na adoção das normas.”
A processo de adoção do IFRS no Brasil começou em 2008 para as empresas com ações em bolsa e de grande porte. A previsão é que esteja concluído no fim de 2010.
Coutinho informou ontem que os desembolsos do BNDES somaram R$ 123,6 bilhões nos últimos 12 meses até agosto. No intervalo de um ano até julho, as liberações tinham sido de R$ 121,9 bilhões.
No evento, Coutinho citou ainda um estudo recente do banco que mostra que, passado o pior da crise, os projetos de investimento estão sendo retomados.
Segundo esse levantamento, em agosto de 2008 as empresas que atuam no país planejavam investimentos de R$ 781 bilhões no período de 2009 a 2012, volume que tombou para R$ 688 bilhões em dezembro passado, auge da turbulência financeira. Em agosto deste ano, com a melhora da confiança das empresas, o total de investimentos previstos se recuperou para R$ 731 bilhões.
Na visão de Coutinho, até o fim deste ano o volume de investimentos planejados deve empatar ou passar o total previsto em agosto de 2008. Essa recuperação, segundo ele, está sendo puxada pelos setores de energia e infraestrutura.
Sobre a elevação da nota de crédito do Brasil para grau de investimento pela Moody´s, o presidente do BNDES considerou que o movimento talvez tenha sido “tardio”, mas que coroa a percepção vigente no mundo de que o risco do Brasil é menor em comparação com o de outros países emergentes.