O comércio mundial deverá se retrair acima de 6% em 2009, mas pode retomar o crescimento no ano que vem. A estimativa do economista-chefe do Banco Mundial (Bird), Justin Lin, foi anunciada na quinta-feira. Os ganhos recentes nos mercados acionários, porém, podem apontar para o início da recuperação econômica global, disse Lin durante visita à Polônia. “Uma contração no comércio global pode ser maior do que os 6% que esperávamos inicialmente”, disse Lin. Em março, o presidente do Bird, Robert Zoellick, disse que as expectativas para o volume do comércio mundial são de uma queda de 6% este ano o maior declínio em 80 anos.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) avaliou que a retração em 2009 pode chegar a 9%. Questionado sobre se o comércio global pode retomar ao azul no próximo ano, Lin afirmou: “Sim, existem sinais animadores, no entanto ainda existem perigos e incertezas”. Ele ressaltou que, no passado, os mercados acionários tendiam a se recuperar geralmente entre seis e nove meses antes que a economia real, cois que pode se repetir agora. “Apesar de ainda existirem preocupações, o mundo pode se recuperar ainda este ano”, disse. Para ele, as recentes altas nos mercados de ações podem ser um sinal do início de uma recuperação da economia global.
Em março, o presidente do Bird, sugeriu a criação de um fundo de US$ 50 bilhões para estimular o comércio. Segundo o relatório Global Economic Outlook (Perspectivas Econômicas Globais), divulgado à época, a instituição prevê que a economia mundial irá cair pela primeira vez nas últimas décadas, com contração média de 1,7% em 2009.
No último dia 26, a OMC marcou para os dias 30 de novembro e 2 de dezembro, em Genebra, a sétima reunião ministerial regular do organismo, que estará centrada nas trocas comerciais no atual contexto de crise econômica. Em março, o diretor-geral da organização, Pascal Lamy, que foi renomeado para o cargo no último dia 30, estimou que o comércio mundial deverá sofrer muito devido à recessão, a maior queda desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
LULA. Independentemente dos boatos que circulam na imprensa do país de que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estaria pensando em indicar seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva para comandar o Bird, a instituição deverá mesmo mudar a sua forma de atuação. Fundado em 1944, o Bird é uma agência com sede em Washington e ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). A missão inicial da instituição era financiar a reconstrução dos países devastados na Segunda Guerra Mundial. Atualmente, o Bird se dedica ao financiamentos para países em desenvolvimento. A ideia de Obama ao convidar Lula seria acentuar o caráter social da instituição multilateral.
Nomeado pela Casa Branca, o presidente do Bird é tradicionalmente um cidadão norte-americano, enquanto que o presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI) é tradicionalmente um europeu. Desde 2007, a instituição é presidida pelo norte-americano Robert Zoellick, ex-subsecretário de Estado dos EUA. Em 2002, ainda candidato à Presidência, Lula chamou Zoellick de “sub do sub do sub” e disse que se negaria a negociar com ele a entrada do país na Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Em junho de 2007, os dois se encontraram no Palácio do Planalto.