O aumento das taxas de juros no financiamento imobiliário oferecido pela Caixa Econômica Federal acende o alerta para as famílias que estão debruçadas sobre o orçamento para definir a compra da casa própria junto aos bancos, em geral. Como a Caixa detém 70% desse mercado, serve como referência para as outras instituições financeiras, que poderão desencadear um movimento de alta dos encargos para os mutuários. Desde a semana passada, as prestações mensais na compra de imóveis financiados pela Caixa subiram pressionadas por juros máximos majorados entre 0,5 e 1,8 ponto percentual. Num plano para aquisição de imóvel avaliado em R$ 600 mil à vista, o acréscimo na mensalidade é de quase R$ 700 (veja o quadro), com base em simulações feitas pela Associação Nacional dos Mutuários (ANM).
O presidente da ANM, Marcelo Augusto Luz, está convencido de que, com a elevação dos juros pela Caixa, ficará muito difícil para a população conseguir taxas mais baixas na compra da casa própria, tendo em vista a grande fatia que o banco federal detém no mercado do financiamento habitacional. Outras instituições financeiras deverão acompanhar a evolução das taxas. A opinião é compartilhada por Thiago Dias, sócio do escritório Bicalho e Mollica Advogados. “A Caixa baliza os bancos, provavelmente todos seguirão o movimento de alta.”
Segundo a Caixa, a correção dos encargos reflete a elevação da taxa básica de juros, a Selic, que remunera os títulos do governo no financeiro e é usada para balizar os juros nos bancos e no comércio. Segundo a instituição, não houve alteração nas taxas dos financiamentos contratados com recursos do programa federal Minha casa, minha vida, de subsídio às moradias de baixa renda, e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), Geraldo Tardin, aconselha prudência e planejamento. “A pessoa deve colocar todas as despesas no papel para que o sonho da casa própria não vire pesadelo”. O Ibedec atende, mensalmente, 70 pessoas, em média, que tentam reverter a retomada dos imóveis pelo agente financeiro em razão de inadimplência do mutuário.
Como primeira dica, Tardin sugere que quem pretende comprar imóvel pesquise muito bem os preços, os juros e faça simulações em todos os bancos para encontrar a melhor taxa. Geraldo Tardin alerta que é preciso ficar atento ao Custo Efetivo Total (CET), percentual que mostra, efetivamente, quanto custará o financiamento. Esse indicador inclui todas as taxas administrativas e os tributos cobrados pelo banco. “Nem sempre a menor taxa de juros é o melhor negócio. Para ajudar na pesquisa, a internet é uma grande ferramenta, pois todos os bancos têm simuladores on-line”, destaca.
COMÉRCIO ATIVO
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, entrega dentro de 30 dias à presidente Dilma Rousseff o esboço com metas e estratégias do Plano Nacional de Exportação, para que o país retome competitividade no comércio internacional. Segundo Monteiro, o Brasil precisa de uma política comercial mais ativa e deverá dar prioridade às relações com os Estados Unidos e o México.