I am infected by the peace virus, says President Lula as he seeks UN job
22 de março de 2010Presidente do STJ e conselheiros do CNJ levam ao presidente do Senado as propostas de reforma da legislação penal
24 de março de 2010Os bancos brasileiros estão cada vez mais expostos aos riscos dos contratos derivativos no exterior. Um levantamento da Cetip -Balcão Organizado de Ativos e Derivativos mostra que os brasileiros já possuem 3.359 negócios com derivativos contratados no exterior (DEP) e 8 em derivativos contratados no exterior destinados a proteção (DCE-DP) – números superiores aos 283 DEP registrados no dia 22 de fevereiro, quando as operações começaram a ser registradas por determinação do Banco Central com o objetivo de trazer mais transparência ao setor.
A estatística da empresa de custódia e liquidação de títulos mostra que já foram registrados mais de 4 mil contratos desde que as novas normas começaram a vigorar. As medidas atendem às resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN), que prevê o registro das informações dos contratos fechados por empresas no mercado internacional, por meio de instituições financeiras.
A Cetip mostra também que, no prazo de um mês, houve grande aumento de operações com derivativos. No dia 24 de fevereiro, as operações com contrato de swap registravam 82 contratos; ontem, eram 215. Em termos de contrato futuro, houve recuo: naquela data eram 1.624, contra 1088. O grande salto de registros aconteceu em termos de moeda: 466 no mês passado, contra 1.470 até ontem. Além disso, entre o mês passado e ontem houve aumento de opções de contratos: de 5 modalidades para 10.
Em 02 de março, durante a 2ª conferência anual Derivatives World Latin América, o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Cetip, Jorge Sant’Anna, afirmou que “as mudanças não coíbem operações normais, mas trazem luz às operações com algum tipo de alavancagem”.
Para o advogado Ricardo Mourão, especialista em derivativos e sócio do escritório Velloza, Girotto e Lindenbojm, os bancos nacionais usam esse recurso para buscar, em mercados estrangeiros, principalmente derivativos de commodities como petróleo e minério. “É um mercado dinâmico e líquido; muitas vezes os bancos não conseguem ativos similares no Brasil e acabam comprando fora.”
Contudo, o levantamento da Cetip mostra que existem muitos contratos de swap e de contrato futuro para o dólar americano, registrados principalmente na Itália e no Reino Unido.
Mourão explica que até agora o BC implantou 3 tipos de contratos para operações no exterior para obter mais controle e transparência. “O BC percebeu que não tinham informação dos contratos no exterior e por isso regulamentou os 3 registros: derivativo contratado no exterior (DCE); derivativo vinculado a empréstimo (DVE) e a uma modalidade para operações de hedge.”
O advogado diz que, em relação às operações de hedge, muitos clientes têm dúvida se se registra ou não a operação. Para Mourão, o câmbio flexibilizado sofre um revés: “De um lado, temos a transparência do processo; do outro, a restrição às remessas. Vejo que o princípio geral é positivo, mas a restrição cambial é retrocesso. Em prol da transparência fazemos um País burocrático. Poderíamos ter outra forma de controlar este tipo de operação sem que isso significasse mais burocracia.” De acordo com o especialista, mesmo contratos que foram feitos em 2009, com vencimento após 22 de fevereiro, precisaram ser registrados para remeter dinheiro para realizar o contrato.
Contraponto
O professor de Economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) José Nicolau Pompeo vê como “muito arriscadas” as operações com derivativos. Para ele, mesmo que a nomenclatura “derivativo contratado no exterior destinados a proteção (DCE-DP) traga a ideia de proteger algo, somente loucos acreditam nisso”, ironiza.
Para ele, derivativo é risco total. “A crise financeira mostrou isso. Antes da crise, empresas como Marfrig, Friboi e Sadia captavam dinheiro a juros de 2% lá fora e arbitravam em 12 % aqui, no Brasil. Negociavam o dólar na faixa de R$ 1,8 a R$ 2 e muita gente ganhava. Contudo, houve uma reversão na curva e a moeda norte-americana saltou de R$ 1,5 para R$ 2,5, justamente quando quebrou o Lehman Brothers.
Pompeo analisa que o maior risco da atualidade é acontecer uma apreciação do dólar na China. “Existe risco de o dólar inverter. Há pressão para a China valorizar o iuane, embora o primeiro-ministro critique essa postura”, ressalta o professor da PUC.
