Os empréstimos do Banco Mundial (Bird) ao Brasil vão quase dobrar nos
próximos 12 meses, anunciou o presidente da instituição, Robert
Zoellick. Em visita ao país, ele afirmou que a maior parte desses
recursos extras serão aplicados em projetos de erradicação da pobreza no
Nordeste.
Em 2010, o banco emprestou US$ 3,7 bilhões ao Brasil. Neste ano, o
organismo pretende emprestar de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões. Desse
total, US$ 3,5 bilhões irão apenas para a Região Nordeste.
Para o presidente do Banco Mundial, o Nordeste requer mais atenção
porque a instituição quer promover a convergência de desenvolvimento
entre as regiões. No fim da semana, ele viajará a Pernambuco, onde se
reunirá com sete governadores da região para discutir os projetos de
apoio do banco.
De acordo com o diretor para o Brasil do Banco Mundial, Makhtar Diop, o
foco da instituição na região não é apenas os projetos pontuais como
construção de escolas e hospitais, mas o apoio a políticas de
desenvolvimento de longo prazo, como qualificação profissional,
capacitação de servidores públicos para a melhoria das condições
fiscais. “Queremos levar a região para o crescimento sustentável,
superando os constrangimentos fiscais nos governos estaduais e
melhorando a competitividade da mão de obra”, declarou.
Segundo Zoellick, o acordo para o pré-pagamento de US$ 3,1 bilhões da
dívida do país com a instituição permitirá dar continuidade aos
empréstimos para os estados. “Tivemos de fazer esse acordo porque o
Brasil tem muitas operações de curto prazo que estavam pressionando os
limites a que o país tem direito”.
Cada país está sujeito a um limite de US$ 16,5 bilhões em crédito do
Banco Mundial. Atualmente, o Brasil têm 64 projetos financiados pelo
Bird em 19 estados que representam US$ 13 bilhões.
Em relação ao encontro que terá com a presidente Dilma Rousseff amanhã
(2), Zoellick disse que tratará do sucesso das políticas sociais do
país, que segundo ele, tirou 20 milhões de pessoas da miséria. Além
disso, ele tratará das discussões da preparação para o encontro do G20 –
grupo das 20 maiores economias do mundo – que ocorrerá em novembro na
França. Segundo ele, serão debatidas medidas para a contenção da
volatilidade de preços internacionais.
Em relação ao fim da permanência de norte-americanos no comando do
Banco Mundial, medida defendida pelo Brasil, Zoellick afirmou que a
instituição promoveu reformas para ampliar os diretos de voto dos países
em desenvolvimento e que nomeou economistas dessas nações para
postos-chave no banco. Atualmente, os três diretores-gerentes do banco
são da Nigéria, do Egito e da Indonésia e o economista-chefe é chinês.
“No longo prazo, a participação de países emergentes na administração
talvez seja mais importante que a porcentagem [de votos]”, destacou o
presidente do Banco Mundial.